É urgente continuar a combater o cancro


As nossas vidas foram afetadas seriamente com a pandemia, mas não podemos descurar a nossa saúde. 


A propósito do Dia da Luta Contra o Cancro, comemorado a 4 de fevereiro, nunca é demais relembrar que é urgente continuar a combater esta doença, principalmente no contexto em que vivemos. Estamos perante uma doença que regista cada vez mais casos, com aumento na incidência e na prevalência. Um dos principais fatores de risco é a idade e, como a população em geral está a envelhecer, será inevitável o aumento desta doença. Prevê-se que em cada três europeus, um terá cancro.

Desde dezembro de 2019, outra pandemia surgiu no mundo, a infeção pelo novo coronavírus, que veio alterar a vida da população em geral, centralizando a preocupação no controlo desta nova doença e, de algum modo, desprezando as outras. Contudo, as outras doenças mantêm-se alheias a esta nova situação. As doenças oncológicas continuam a existir ao lado da covid-19 e é necessário reforçar a importância de combater esta doença que não pode ficar esquecida.

Sabemos que durante o ano de 2020 se registou uma diminuição significativa de diagnóstico das doenças oncológicas. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Oncologia, o impacto da pandemia causou uma quebra de 60% a 80% dos novos diagnósticos de cancro a nível nacional. Isto não significa que o número de casos diminuiu, apenas que o diagnóstico não foi feito.

Os rastreios foram adiados e este facto implicou, segundo estimativas da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que ficassem por diagnosticar mais de mil cancros da mama, do colo do útero, colorretal e de outros tipos. Temos também verificado que, de norte a sul do país, os doentes têm vindo a adiar a procura de cuidados de saúde por receio. É urgente desmistificar, informar e apoiar a população para não descurar a saúde e recorrer ao médico sempre que necessário, seja para exames, consultas ou continuação de tratamento.

Até ao início do último ano, os tumores eram diagnosticados cada vez mais em fases iniciais, o que permitia o aumento na sobrevivência dos doentes. Eram cada vez mais raros os tumores avançados e metastizados na altura do diagnóstico.
Infelizmente, só na última semana diagnostiquei dois tumores da mama disseminados, isto é, com metástases à distância.

Em oncologia, devemos ser proativos: é importante continuar a efetuar diagnósticos na fase inicial da doença, o que permite um melhor controlo da lesão, aumentando a possibilidade de cura. A progressão da doença por ausência de diagnóstico precoce acarreta consequências nefastas para o doente, com menores possibilidades de cura e mais efeitos colaterais, com mortalidade e ou morbilidade.

A manutenção dos tratamentos é igualmente importante e devem ser continuados em todos os doentes que deles necessitem, para a melhoria da expetativa de vida e para o controlo sintomático da doença oncológica. A evolução dos conhecimentos científicos nos últimos anos permite-nos conhecer melhor as características moleculares e os mecanismos imunológicos dos tumores: estudaram-se novas terapêuticas e mais personalizadas, o que se traduziu numa diminuição da mortalidade.

Ao longo deste ano fomos adaptando as condições de assistência aos nossos utentes, para dar segurança e confiança no seu acompanhamento. Criámos a possibilidade de prestar cuidados de saúde por teleconsulta nas situações em que tal é clinicamente adequado, evitando assim a deslocação do doente ao hospital e mantendo a sua orientação médica.

Também com este objetivo, as unidades de saúde seguem protocolos e circuitos para garantir a segurança dos doentes e profissionais de saúde, pelo que os doentes não devem adiar a deslocação aos hospitais por receio de insegurança.
As nossas vidas estão seriamente alteradas com esta pandemia, mas não podemos descurar a nossa saúde. Devemos ter uma atitude preventiva e proativa no combate a qualquer doença e, especificamente, à doença oncológica, para a diagnosticar e tratar em tempo útil e assim salvar vidas.

Coordenadora de Oncologia do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu

É urgente continuar a combater o cancro


As nossas vidas foram afetadas seriamente com a pandemia, mas não podemos descurar a nossa saúde. 


A propósito do Dia da Luta Contra o Cancro, comemorado a 4 de fevereiro, nunca é demais relembrar que é urgente continuar a combater esta doença, principalmente no contexto em que vivemos. Estamos perante uma doença que regista cada vez mais casos, com aumento na incidência e na prevalência. Um dos principais fatores de risco é a idade e, como a população em geral está a envelhecer, será inevitável o aumento desta doença. Prevê-se que em cada três europeus, um terá cancro.

Desde dezembro de 2019, outra pandemia surgiu no mundo, a infeção pelo novo coronavírus, que veio alterar a vida da população em geral, centralizando a preocupação no controlo desta nova doença e, de algum modo, desprezando as outras. Contudo, as outras doenças mantêm-se alheias a esta nova situação. As doenças oncológicas continuam a existir ao lado da covid-19 e é necessário reforçar a importância de combater esta doença que não pode ficar esquecida.

Sabemos que durante o ano de 2020 se registou uma diminuição significativa de diagnóstico das doenças oncológicas. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Oncologia, o impacto da pandemia causou uma quebra de 60% a 80% dos novos diagnósticos de cancro a nível nacional. Isto não significa que o número de casos diminuiu, apenas que o diagnóstico não foi feito.

Os rastreios foram adiados e este facto implicou, segundo estimativas da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que ficassem por diagnosticar mais de mil cancros da mama, do colo do útero, colorretal e de outros tipos. Temos também verificado que, de norte a sul do país, os doentes têm vindo a adiar a procura de cuidados de saúde por receio. É urgente desmistificar, informar e apoiar a população para não descurar a saúde e recorrer ao médico sempre que necessário, seja para exames, consultas ou continuação de tratamento.

Até ao início do último ano, os tumores eram diagnosticados cada vez mais em fases iniciais, o que permitia o aumento na sobrevivência dos doentes. Eram cada vez mais raros os tumores avançados e metastizados na altura do diagnóstico.
Infelizmente, só na última semana diagnostiquei dois tumores da mama disseminados, isto é, com metástases à distância.

Em oncologia, devemos ser proativos: é importante continuar a efetuar diagnósticos na fase inicial da doença, o que permite um melhor controlo da lesão, aumentando a possibilidade de cura. A progressão da doença por ausência de diagnóstico precoce acarreta consequências nefastas para o doente, com menores possibilidades de cura e mais efeitos colaterais, com mortalidade e ou morbilidade.

A manutenção dos tratamentos é igualmente importante e devem ser continuados em todos os doentes que deles necessitem, para a melhoria da expetativa de vida e para o controlo sintomático da doença oncológica. A evolução dos conhecimentos científicos nos últimos anos permite-nos conhecer melhor as características moleculares e os mecanismos imunológicos dos tumores: estudaram-se novas terapêuticas e mais personalizadas, o que se traduziu numa diminuição da mortalidade.

Ao longo deste ano fomos adaptando as condições de assistência aos nossos utentes, para dar segurança e confiança no seu acompanhamento. Criámos a possibilidade de prestar cuidados de saúde por teleconsulta nas situações em que tal é clinicamente adequado, evitando assim a deslocação do doente ao hospital e mantendo a sua orientação médica.

Também com este objetivo, as unidades de saúde seguem protocolos e circuitos para garantir a segurança dos doentes e profissionais de saúde, pelo que os doentes não devem adiar a deslocação aos hospitais por receio de insegurança.
As nossas vidas estão seriamente alteradas com esta pandemia, mas não podemos descurar a nossa saúde. Devemos ter uma atitude preventiva e proativa no combate a qualquer doença e, especificamente, à doença oncológica, para a diagnosticar e tratar em tempo útil e assim salvar vidas.

Coordenadora de Oncologia do Hospital CUF Coimbra e Hospital CUF Viseu