Renato Paiva, antigo treinador do SL Benfica, esteve em entrevista ao Canal 11 e disparou na direção de Bernardo Silva. Sobre a saída do internacional português do Benfica e a sua eventual titularidade nas águias, Renato Paiva acusou Silva de ter sido impaciente e não ter querido “esperar” por uma oportunidade no plantel principal, revelando achar que Silva saiu precocemente do Benfica. “A história do Bernardo é específica e é pública e assumida. O Bernardo é que não quis esperar, não quis ter paciência para esperar”, disparou Paiva.
Rapidamente, o atual jogador do Manchester City recorreu às redes sociais para responder à acusação, desmentindo-a. “[Renato Paiva é] um treinador por quem tenho bastante respeito e carinho. Mas não corresponde à realidade…”, referiu Silva na rede social Twitter.
“A máquina de descredibilizar quem vai contra as pessoas de cima continua cada vez mais forte. Depois do ‘ingrato’, chegou o ‘impaciente’. Fico à espera da próxima”, atirou ainda, fazendo referência a uma outra polémica envolvendo Jorge Jesus, em outubro de 2020, também relacionada com a saída do jogador do clube encarnado.
Renato Paiva comparou ainda a saída de Silva com a de João Félix, ressalvando que foram “situações diferentes”.
Para explicar o recurso ao termo “ingrato”, recorde-se a polémica em torno de uma mensagem publicada por Bernardo Silva, em outubro de 2020, relativamente às eleições presidenciais no Benfica. Silva, que apesar de jogar no City é um confesso benfiquista, achou por bem deixar a sua opinião clara a dois dias das eleições que veriam Luís Filipe Vieira ser reeleito presidente do clube. Na sua mensagem, afirmava acreditar que o Benfica “merece e precisa de uma mudança”, apontando o dedo, entre outros assuntos, aos “esquemas, as mentiras, tentativas de aprovação de OPA ilegais que seria uma vergonha, um claro assalto aos cofres do clube para benefício de singulares”. O antigo jogador do Benfica atirou ainda: “[Os benfiquistas] não merecem ter o clube associado a centenas de processos judiciais e de corrupção, manchando de forma quase irreversível o nome do Benfica”.
As palavras não caíram nada bem no Estádio da Luz e Jorge Jesus não ficou em silêncio perante o comunicado. Em conferência de imprensa, questionado pela comunicação social, Jesus desabafou: “Não queria falar nisso, mas já que me coloca a pergunta (…) É uma ingratidão muito grande e o pior defeito que uma pessoa pode ter é ser ingrato”.
Ingratidão foi a palavra do dia para o técnico, que aproveitou para revelar uma conversa privada com Silva que vai ao encontro da polémica com Renato Paiva. Aquando da subida de Jorge Jesus para a equipa principal do Benfica, o então recém-chegado Silva terá questionado Jesus sobre os seus planos para ele na equipa, alegando ter possibilidade de sair com, nas palavras de Jorge Jesus, “um contrato onde posso ganhar 20 vezes mais no Mónaco, e preciso de ajudar a minha família”.
“Esta foi a verdade da saída dele, não foi ter metido a lateral esquerdo. (…)_Ele foi ingrato com o presidente do Benfica. Não soube compensar o que o Benfica e o presidente fizeram por ele”, atirou Jorge Jesus.
city, porto e benfica entram num bar No mesmo mês, poucos dias antes da polémica com Luís Filipe Vieira, Bernardo Silva esteve também envolvido numa outra situação peculiar, desta vez após a vitória do Manchester City, por três bolas a uma, frente ao FC Porto, a contar para a fase de grupos da Liga dos Campeões.
Finda a partida, Silva recorreu ao seu Twitter para colocar uma fotografia do jogo com a legenda “Esta soube tão bem”. O post rapidamente levantou ondas de respostas dos dragões, que prontamente perceberam a índole da mensagem do benfiquista confesso.
Os primeiros a reagir foram Ricardo Pereira e Gonçalo Paciência, colegas de seleção de Silva que, em tom de brincadeira, comentaram o post, tanto com imagens de frustração como com, no caso do lateral do Leicester City, a frase “Tem de levar uns cachaços, este”.
Bruno Fernandes, rival de Silva na Premier League, juntou-se também na altura à troca de comentários, afirmando em discussão saudável: “Gostas de uma polemicazinha, tu’”.
Já Fernando Madureira, líder da claque portista Super Dragões, não ficou fora desta polémica, fazendo questão de relembrar Silva: “Vens ao Dragão em dezembro”, em alusão à segunda partida para a Liga dos Campeões, que acabaria empatada a zeros.
Esta não foi, no entanto, a primeira polémica a envolver Bernardo Silva e o FC Porto. Em junho de 2019, o citizen recorreu mais uma vez ao Twitter para comentar a partida entre FC Porto e SL Benfica, com o comentário “Sou eu que estou a precisar de óculos?”. Em causa estava a anulação de um golo de Pizzi. A acusação gerou polémica, e Francisco J. Marques, diretor de comunicação dos dragões, respondeu pouco depois, acusando Silva de estar efetivamente a “precisar de óculos”.
Seguiu-se uma troca de mensagens entre Silva e J. Marques que culminou com o jogador do City a publicar um texto em que frisou “um enorme respeito” pelo FC Porto, assumindo ainda assim o seu benfiquismo. “Nenhum dos meus comentários desrespeitou ou falou mal do FC Porto (ou qualquer outro clube), nem sequer lá perto estive, e para isso bastará reler o que escrevi”, concluiu ainda.
Alegado racismo
Em 2019, o jogador foi acusado de racismo pela Federação Inglesa de Futebol (FA na sigla em inglês).
Em causa estiveram dois posts nas redes sociais em que, alegadamente, Silva terá proferido comentários “racistas” e “ofensivos” contra Benjamin Mendy, seu colega de longa data no Manchester City e no Mónaco.
Em causa estiveram um story no Instagram em que Mendy aparecia a utilizar uma camisola preta, em que Silva referia, em tom de graça, acabar de ver o “campeão do mundo completamente nu”, e um tweet do internacional português em que, em jeito de brincadeira, comparou o seu colega de equipa à popular figura dos bombons Conguitos.
O post acabaria apagado, mas a FA não achou graça e considerou as mensagens “impróprias” e “ofensivas”, obrigando o internacional lusitano a dar uma explicação.
Silva, no entanto, teve grande apoio, tendo enviado uma carta à FA a explicar os contornos da situação, em que estava incluída, noticiou a imprensa britânica, uma declaração do próprio Benjamin Mendy a insistir que não teria ficado ofendido com o controverso tweet do internacional português.
Na defesa de Silva estiveram também o treinador do City, Pep Guardiola, que definiu o acontecimento como “uma simples piada” entre amigos, e o Benfica, que reagiu na altura declarando as acusações contra Silva como “sinal de uma doença dos tempos”.