Teste de stresse a Marisa

Teste de stresse a Marisa


A mais-valia da candidata apoiada pelo BE  foi travada pela pandemia da covid-19: a dos contactos de rua. Eurodeputada vai a votos no primeiro ato eleitoral após o voto contra o OE.


A candidata apoiada pelo BE, Marisa Matias, já não tem o efeito surpresa da corrida eleitoral de há cinco anos. Mais, as intenções de voto nas sondagens dão-lhe um resultado muito aquém dos 10 por cento obtidos em 2016. O seu discurso foi duro com o adversário de extrema-direita, André Ventura, teve dificuldades em mostrar grandes diferenças com a amiga (e adversária) Ana Gomes e ainda tentou na reta final da campanha pegar num tema que também é caro à  ex-eurodeputada socialista: o combate à corrupção.

Pelo caminho, teve dificuldades acrescidas por não ter a funcionar a sua mais-valia a todo o vapor: o contacto de rua.

Escolheu exemplos de quem não podia confinar em tempos de pandemia da covid-19, casos de precários, tentou sempre falar para quem não tem voz, ou foi esquecido pelo inquilino de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa. Mas, o cenário das sondagens não será muito animador. Acresce que este é o primeiro grande teste de uma candidatura apoiada pelo Bloco de Esquerda após o voto contra o Orçamento do Estado para 2021.

Nos debates televisivos, o confronto não a destacou particularmente, numa campanha atípica por causa da covid-19.

Ainda assim, não largou o batom vermelho, depois de André Ventura a ter criticado por usá-lo como se fosse uma brincadeira. E o tema tornou-se viral, com apoios até de Chico Buarque, do Brasil. 

No final da campanha, com o agravar da pandemia da covid-19, o último dia de campanha será todo online. «A campanha foi toda adaptada, como sabem, foi sofrendo alterações à medida que fomos conhecendo a evolução da situação em Portugal e que se tem tornado cada vez mais dramática», declarou a candidata bloquista.

Nos apelos ao voto, Marisa Matias pediu a confiança dos eleitores contra a promiscuidade e a desigualdade. «Tolerância zero» pediu em Braga.

«O privilégio é desigualdade, é promiscuidade e é um sistema que inclui a fraude e a corrupção. O privilégio é um regime e é a regra e não a exceção. Este é um problema da qualidade da nossa democracia. Não é apenas porque há algumas maças podres na sesta, é mesmo um problema da cesta», defendeu. E falou para quem está desiludido com a política e quer soluções numa altura crítica para o país.

Num comício online a partir de Braga, Marisa Matias contou com Catarina Martins e Mariana Mortágua, desta feita para atacar as portas giratórias entre a política e os privados, um tema que foi sempre uma bandeira do BE ao longo dos anos. 

E regressou à campanha dos bloquistas.