A abstenção, que nas eleições de 2016 rondou os 51%, poderá chegar a níveis nunca vistos nas eleições do próximo domingo.
Com efeito, se o politólogo e responsável técnico da Eurosondagem Rui Oliveira e Costa aponta para uma abstenção a rondar os 73% a 75%, de acordo com os dados recolhidos nos seus estudos e segundo a sua experiência de mais de duas décadas e meia de experiências eleitorais, nas contas do Nascer do SOL, considerando o histórico das eleições presidenciais e um conjunto de outros fatores que potenciam o agravamento da abstenção nestas presidenciais em particular, incluindo o ponto crítico da pandemia da covid-19 no país, este ato eleitoral poderá ficar marcado por um recorde de quase 80% de abstencionistas.
Com efeito, há desde logo o dado histórico de se registar um aumento médio de 15,4% entre as eleições presidenciais para um primeiro mandato e aquelas em que o Presidente se recandidata a um segundo mandato (Soares foi eleito à 2.ª volta em 1986 com 22,01% de abstenção e cinco anos depois com 37,84%; Sampaio ganhou em 1996 com 33,71% de abstenção e em 2001 com 49,09%; e Cavaco Silva contou com 38,48% em 2006 e 53,48% em 2011). Ora, se nas eleições de há cinco anos, na primeira eleição de Marcelo, a abstenção foi de 51,34%, é previsível que, só ponderado este factor, possa prever-se uma abstenção mínima de 66,74%.
Acontece que, como também sublinha Rui Oliveira e Costa, têm de somar-se a estes abstencionistas os que resultam do recenseamento automático de mais de um milhão e 100 mil emigrantes – o que imediatamente faz subir a abstenção em 4,6%. De facto, no caso das presidenciais de 2016, se o total de inscritos era de 9.751.398 inscritos e a abstenção se cifrou em 51,34%, com os novos inscritos (emigrantes) passaria logo para 55,92% (+4,58%).
Assim, juntando estes 4,6% aos 66,74% que resultariam da ponderação do histórico entre as eleições presidenciais para um primeiro e para um segundo mandato, já teremos uma abstenção técnica mínima de mais de 70% (71,34%).