Correio da Manhã e Mário Ferreira trocam acusações

Correio da Manhã e Mário Ferreira trocam acusações


Mário Ferreira diz que é “fundamental” que o Sindicato dos Jornalistas e a Comissão Profissional da Carteira de Jornalista se pronunciem sobre as notícias da Cofina sobre si e os restantes acionistas da dona da TVI. CM responde: Mário Ferreira “não tem condições para gerir uma empresa detentora de media”.


Depois de Mário Ferreira, presidente e acionista maioritário da Media Capital ter dito considerar “fundamental” que o Sindicato dos Jornalistas e a Comissão Profissional da Carteira de Jornalistas “se pronunciem” sobre das notícias do grupo Cofina sobre o empresário e os restantes acionistas da dona da TVI, o Correio da Manhã respondeu e a guerra parece longe de acabar.

“O senhor Mário Ferreira com esta campanha contra jornalistas, prova que não tem condições para gerir uma empresa detentora de media”, diz a direção do Correio da Manhã e da CMTV numa nota enviada à Lusa, avançando ainda que “um dos princípios basilares da democracia é a separação de competências entre os acionistas dos grupos de comunicação social e os conteúdos confiados à redação, com os seus órgãos próprios de decisão”.

A direção do CM vai mais longe e diz que “quando um investidor na Media Capital não conhece esse princípio e insiste em não o aprender, não tem idoneidade para gerir nenhum título jornalístico”. “Se atua assim contra jornalistas que não dependem economicamente de si, como será a sua relação com profissionais das empresas que gere”, acusa.

O CM garante ainda que direção “as notícias e as investigações do CM sobre o empresário Mário Ferreira limitam-se a escrutinar as atividades de um empresário que tem poder sobre um bem público (a televisão), que está envolvido num negócio polémico com os Estaleiros de Viana do Castelo”.

E remata: “É esse escrutínio que compete aos jornalistas que continuaremos a fazer, é apenas o nosso trabalho”, remata a direção.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que Mário Ferreira acusa o grupo Cofina pela divulgação de notícias “difamatórias”.

Ainda esta terça-feira, depois de considerar que este assunto devia ser investigado pelo Sindicato de Jornalistas e pela Comissão da Carteira, Mário Ferreira garantiu que “desde o início da operação de compra da TVI por investidores portugueses, que adquiriram as participações à Prisa, que vêm sendo publicadas várias centenas de 'notícias', aparentemente de forma orquestrada, a insultar, a denegrir e a fazer insinuações sobre a TVI, a Media Capital, Mário Ferreira e os restantes acionistas, nos meios de comunicação do grupo Cofina”.

O empresário defende que estas notícias não têm outro objetivo se não o “interesse evidente em desmoralizar e pressionar esses acionistas para abdicarem das suas participações e condicionar as autoridades que possam ter uma palavra a dizer nessa matéria”, com o objetivo de “colocar a Cofina numa posição favorável numa disputa pela titularidade das ações da Media Capital, que só existe na cabeça do engenheiro Paulo Fernandes [presidente da dona do Correio da Manhã]”.

“A demonstração de que os meios de comunicação social próprios são utilizados para fins do interesse da Cofina levantará certamente questões do foro deontológico do jornalismo, da independência das publicações, e até do foro criminal, tendo em conta a pressão permanente resultante da torrente de notícias que têm como alvo”, acusa ainda Mário Ferreira.

Recorde-se ainda que atualmente a Media Capital está a ser alvo de duas ofertas públicas de aquisição (OPA): uma da Cofina e outra da Pluris Investments, esta última por decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).