Sem-abrigo. Associação abandona Lisboa em protesto contra ação do vereador Manuel Grilo

Sem-abrigo. Associação abandona Lisboa em protesto contra ação do vereador Manuel Grilo


O contrato assinado entre a câmara e uma associação de solidariedade social levou uma outra associação (que também trabalha no setor) a virar as costas a Lisboa, depois de 15 anos de trabalho nas ruas da cidade.


A ACA – Associação Conversa Amiga informou formalmente a Câmara de Lisboa que “não continuará a trabalhar com o município” enquanto o vereador Manuel Grilo, com o pelouro dos Direitos Sociais e Educação, se mantiver no cargo. Esta associação dava apoio direto a 100 pessoas em situação de sem-abrigo e indireto a outras 200, fazendo acompanhamento nas áreas psicossocial, da saúde e da habitação, através da implementação de projetos inovadores (como eram exemplo o Quiosque da Saúde e os Cacifos Solidários).

A gota de água terá sido o contrato no valor de 146 mil euros assinado entre a autarquia e uma outra associação de solidariedade (a AVA – Associação Vida Autónoma), que o i divulgou na sua edição de terça-feira, 5 de janeiro. A ACA tinha-se visto envolvida na polémica depois de Manuel Grilo (do Bloco de Esquerda, partido que tem um acordo de governação com o PS na capital) ter afirmado, em reunião de câmara, que “a AVA – Associação Vida Autónoma é uma associação que se destacou da ACA – Associação Conversa Amiga e que nos apresentou esta proposta de alternativa”, o que foi pronta e categoricamente desmentido pelos responsáveis da ACA. “Desconhecemos realmente quem é a Associação Vida Autónoma, como foi realizado este contrato com a Câmara Municipal de Lisboa e que proposta foi apresentada. Não existe nenhuma associação ‘destacada’ da ACA nem sabemos o que isso significa”, lê-se no comunicado publicado na página oficial da associação.

Ao i, Duarte Paiva, presidente da ACA, confirma que, na sequência deste episódio, decidiu colocar um ponto final no trabalho feito na cidade ao longo dos últimos 15 anos: “O vereador [Manuel Grilo] não comunica, não esclarece, e com esta falta de transparência tornou-se impossível trabalhar em Lisboa. É um passo difícil, muito triste, mas já informámos a câmara”. A ACA garante que, neste momento, está a transferir o apoio que dava às pessoas em Lisboa para outras entidades e que vai manter a sua atividade em localidades como Oeiras e Funchal.

Contactado pelo nosso jornal, Manuel Grilo optou por não tecer quaisquer comentários.

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