Tininha Gladiadora


 Não quero, logicamente, acreditar que tanto espalhafato seja para promover a exibição de um filme com 20 anos e que já passou dezenas de vezes nas televisões portuguesas. Mas o que quer que seja que aí venha já vem revestido de pinderiquices e de uma boa dose de vergonha alheia que sentimos quando assistimos ao…


Esta semana, entre duas rabanadas e o princípio dos preparativos para uma passagem de ano singular, fomos brindados com mais um momento de “pura fantasia” da saloia mais famosa do país, Cristina Ferreira. Aquela que em tempos fazia a delícia dos portugueses com o seu ar simples e desinibido e que, por onde passava, parecia transformar lata em ouro precisamente com a sua lata de menina brejeira mas simpática e colorida parece agora cada vez mais perdida, algures por entre o seu ego e “ojamigos” que faz questão de levar para todo o lado. Paradoxal como em pouco tempo se sobe ao topo e rapidamente também se desce, muitas vezes sem darmos conta. O mundo da Tininha é, no fundo, tão-só o reflexo do que vemos por aí, redes sociais que ora idolatram ora rebentam com qualquer credibilidade, que amam e odeiam passados poucos segundos. E quem se mete a jeito usando-se disso para atingir a fama terá, certamente, também de estar preparado para assistir ao reverso da medalha.

Mas voltando a esta semana. Emergiu de repente uma promoção de um qualquer conteúdo que a TVI se prepara para lançar no primeiro dia do ano, com o nome de Gladiador. E eis que Cristina surge como protagonista principal, de espada em riste, armadura e escudo, a retratar a época. Pouco depois, novamente os amigos, também no mesmo registo. Uns claramente com mais vontade que outros, chegando ao cúmulo de vermos Iva Domingues com cara de frete e uma camisola de Natal dentro da armadura. Não quero, logicamente, acreditar que tanto espalhafato seja para promover a exibição de um filme com 20 anos e que já passou dezenas de vezes nas televisões portuguesas. Mas o que quer que seja que aí venha já vem revestido de pinderiquices e de uma boa dose de vergonha alheia que sentimos quando assistimos ao perder de mão de uma pessoa que insuflou mais que o boneco da Michelin e, pior do que isso, vive tão cheia de si que ainda não se deu conta.

Tenho um amigo que diz recorrentemente “o mal não está em fazer figura de palhaço, mas sim em fazer sem perceber que se está a fazer”. Não quero com a analogia parecer ofensivo, isto serve apenas para ilustrar o mundo em que Cristina entrou e para o qual arrastou os amigos e os yes-men que, de tão contentes e vaidosos que andam com tamanho palco, parecem tirados de uma nova versão de “O rei vai nu”. A Tininha, que em tempos foi até apontada como sucessora de Marcelo Rebelo de Sousa, deixou aos poucos de perceber aquilo que a aproximava dos telespetadores que a seguiam religiosamente, deixando de ser aquela menina humilde da Malveira em quem muitos portugueses se reviam para passar a uma versão pop star que pouco ou nada tem a ver com ela. De repente, tudo passou a ser “eu, eu, eu”: A Noite de Cristina, o Dia de Cristina, entrevistas de Cristina em pleno Jornal da Noite numa encenação parola e numa tentativa de autopromoção.

A semana passada, nos intervalos da estreia da excelente série do César Mourão chamada Esperança, ia fazendo um curto zapping e lá apanhava uma espécie de recriação do presépio com vacas a correr pelo estúdio e, mais uma vez, a Cristina e os amigos a divertirem-se imenso uns com os outros num cenário de miséria inacreditável. Era tempo, se calhar, de alguns desses amigos a chamarem um pouco à terra, sob pena de o público lhe perder o interesse de vez. Já assistimos, aliás, a vários casos do género e o declínio é duro e penoso. Seria bom perceber o que a trouxe até aqui e que por vezes é importante dar um passo atrás para dar dois à frente. A TVI, neste momento, confunde-se com a Cristina e isso está a tornar-se um problema para ambos. Já há muito boa gente a saltar o canal só para não compactuar com tudo isto e o desgaste vai agudizar-se. Veremos como se comporta nas próximas batalhas televisivas e se no fim continuará firme, no meio da arena, à espera do veredicto do polegar (leia-se comando).

Tininha Gladiadora


 Não quero, logicamente, acreditar que tanto espalhafato seja para promover a exibição de um filme com 20 anos e que já passou dezenas de vezes nas televisões portuguesas. Mas o que quer que seja que aí venha já vem revestido de pinderiquices e de uma boa dose de vergonha alheia que sentimos quando assistimos ao…


Esta semana, entre duas rabanadas e o princípio dos preparativos para uma passagem de ano singular, fomos brindados com mais um momento de “pura fantasia” da saloia mais famosa do país, Cristina Ferreira. Aquela que em tempos fazia a delícia dos portugueses com o seu ar simples e desinibido e que, por onde passava, parecia transformar lata em ouro precisamente com a sua lata de menina brejeira mas simpática e colorida parece agora cada vez mais perdida, algures por entre o seu ego e “ojamigos” que faz questão de levar para todo o lado. Paradoxal como em pouco tempo se sobe ao topo e rapidamente também se desce, muitas vezes sem darmos conta. O mundo da Tininha é, no fundo, tão-só o reflexo do que vemos por aí, redes sociais que ora idolatram ora rebentam com qualquer credibilidade, que amam e odeiam passados poucos segundos. E quem se mete a jeito usando-se disso para atingir a fama terá, certamente, também de estar preparado para assistir ao reverso da medalha.

Mas voltando a esta semana. Emergiu de repente uma promoção de um qualquer conteúdo que a TVI se prepara para lançar no primeiro dia do ano, com o nome de Gladiador. E eis que Cristina surge como protagonista principal, de espada em riste, armadura e escudo, a retratar a época. Pouco depois, novamente os amigos, também no mesmo registo. Uns claramente com mais vontade que outros, chegando ao cúmulo de vermos Iva Domingues com cara de frete e uma camisola de Natal dentro da armadura. Não quero, logicamente, acreditar que tanto espalhafato seja para promover a exibição de um filme com 20 anos e que já passou dezenas de vezes nas televisões portuguesas. Mas o que quer que seja que aí venha já vem revestido de pinderiquices e de uma boa dose de vergonha alheia que sentimos quando assistimos ao perder de mão de uma pessoa que insuflou mais que o boneco da Michelin e, pior do que isso, vive tão cheia de si que ainda não se deu conta.

Tenho um amigo que diz recorrentemente “o mal não está em fazer figura de palhaço, mas sim em fazer sem perceber que se está a fazer”. Não quero com a analogia parecer ofensivo, isto serve apenas para ilustrar o mundo em que Cristina entrou e para o qual arrastou os amigos e os yes-men que, de tão contentes e vaidosos que andam com tamanho palco, parecem tirados de uma nova versão de “O rei vai nu”. A Tininha, que em tempos foi até apontada como sucessora de Marcelo Rebelo de Sousa, deixou aos poucos de perceber aquilo que a aproximava dos telespetadores que a seguiam religiosamente, deixando de ser aquela menina humilde da Malveira em quem muitos portugueses se reviam para passar a uma versão pop star que pouco ou nada tem a ver com ela. De repente, tudo passou a ser “eu, eu, eu”: A Noite de Cristina, o Dia de Cristina, entrevistas de Cristina em pleno Jornal da Noite numa encenação parola e numa tentativa de autopromoção.

A semana passada, nos intervalos da estreia da excelente série do César Mourão chamada Esperança, ia fazendo um curto zapping e lá apanhava uma espécie de recriação do presépio com vacas a correr pelo estúdio e, mais uma vez, a Cristina e os amigos a divertirem-se imenso uns com os outros num cenário de miséria inacreditável. Era tempo, se calhar, de alguns desses amigos a chamarem um pouco à terra, sob pena de o público lhe perder o interesse de vez. Já assistimos, aliás, a vários casos do género e o declínio é duro e penoso. Seria bom perceber o que a trouxe até aqui e que por vezes é importante dar um passo atrás para dar dois à frente. A TVI, neste momento, confunde-se com a Cristina e isso está a tornar-se um problema para ambos. Já há muito boa gente a saltar o canal só para não compactuar com tudo isto e o desgaste vai agudizar-se. Veremos como se comporta nas próximas batalhas televisivas e se no fim continuará firme, no meio da arena, à espera do veredicto do polegar (leia-se comando).