INSA trabalha para detectar nova variante da covid-19 em Portugal continental

INSA trabalha para detectar nova variante da covid-19 em Portugal continental


“Estamos a perseguir esta variante no país” disse o investigador no Instituto Nacional da Saúde Dr. Ricardo Jorge. Os primeiros casos detetados foram encontrados no arquipélago da Madeira. Agora serão precisos quatro dias para descobrir se a nova variante do vírus está em Portugal continental.


A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, acompanhada pelo investigador no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), João Paulo Gomes, partilhou informações sobre a vacinação e também novos dados sobre a nova variante na conferência de balanço da covid-19 nesta terça-feira.

Balanço sobre a 1º fase de vacinação

Primeiramente Graça Freitas sublinhou que o projeto de vacinação na União Europeia é "um momento e um movimento de unidade da Europa que serve com equidade os seus cidadãos."

Em relação à vacinação no país, já foram vacinados 7585 profissionais de saúde em cinco centros hospitalares, correspondendo a 80% das doses disponibilizadas. “Os dois primeiros dias correram bastante bem e devemos estar satisfeitos com isso”, diz Graça Freitas. No final do dia, serão cumpridos os objetivos de vacinar todos os profissionais de saúde, “a adesão, até agora, tem sido boa”, evidencia a diretora-geral da Saúde.

Nova variante procurada pelo INSA em Portugal continental

João Paulo Gomes, investigador no INSA, confirmou os 18 casos da variante britânica da covid-19 detetados no arquipélago da Madeira numa primeira fase da procura da nova estirpe. "Este cocktail de mutações originou uma preocupação muito grande" e por isso o instituto já está a entrar numa segunda fase de deteção desta variante em Portugal continental.

O investigador ainda revelou que ainda não há ”indicação de que a nova variante esteja a circular na região de Lisboa e Vale do Tejo” e que para ter a certeza de que detetaram a nova variante do vírus serão precisos quatro dias.

“Não me vou admirar, naturalmente, que a variante já esteja a circular no continente também”, diz João Paulo Gomes , acrescentando que Portugal é o segundo país com mais casos reportados da nova variante, registados numa base de dados públicos de 15 países. “Isto não é particularmente preocupante para nós, é algo para o qual devemos estar preparados”, sublinha o investigador.

"Serão seguidas duas pistas nesta próxima fase. Em primeiro lugar, “o Insa está a contactar os laboratórios onde os diagnósticos [positivos] foram efetuados para que os laboratórios enviem a amostra”, afirmou João Paulo Gomes. Isto significa que o estudo vai-se concentrar maioritariamente nas amostras recolhidas no aeroporto de pessoas que vieram do Reino Unido.

"A segunda pista prende-se com o facto de se ter constatado que alguns dos testes actualmente utilizados, que se baseiam em várias regiões do vírus, por vezes falham na detecção dessas regiões. Isto é uma fortíssima indicação de se tratar da presença da variante do Reino Unido", declarou.

Lares localizados em concelhos de alta incidência serão prioritários quando chegar o momento de vacinação

Em relação aos lares, Graça Freitas disse que a task force está a analisar critérios, porque não será possível vacinar em simultâneo, “vamos sendo vacinados sequencialmente por prioridades”.

A diretora-geral indicou que os lares que estão localizados em concelhos de alta incidência e onde há grande circulação do vírus serão vacinados primeiramente do que outros que não se encontram nestas condições. Já os lares com surtos ativos atualmente não vão receber vacinas durante o surto. Os trabalhadores e residentes serão vacinados depois de recuperados.

Quem não quiser tomar a vacina, não ficará com o seu nome registado

Graça Freitas explicou que esta vacina contra a covid-19 é equivalente às existentes em Portugal. A vacina passou “pelo crivo da Agência Europeia do Medicamento” em relação à qualidade, segurança e eficácia.

“As pessoas podem exercer o direito a não ser vacinadas”, admitiu a diretora-geral da saúde ao explicar que a vacinação é um ato voluntário e “fortemente incentivado” em Portugal. Quem não quiser tomar a vacina, não ficará com o seu nome registado nos dados da DGS. Porém, faltas à vacinação podem ser registadas, excecionalmente, como se faz, por exemplo, com as crianças.

Estar vacinado não implica deixar de cumprir as recomendações de prevenção contra a covid-19

Graça Freitas recordou ainda a necessidade contínua das medidas de proteção recomendadas pela DGS, “a vacinação não dispensa, de alguma forma, as medidas de proteção”, tais como a distância entre as pessoas, o arejamento dos espaços, uso de máscara e higiene das mãos, medidas estas que Graças Freitas pediu para serem praticadas na festa de final de ano.

Últimos dados relativos à incidência cumulativa 

A diretora-geral da saúde também assinalou os dados da incidência cumulativa na conferência. Em 14 dias, Portugal tem cerca de 480 casos de infeção por 100 mil habitantes, com diferenças entre concelhos e regiões. Recorde-se que entre os dias 7 e 20 de dezembro, o número de casos por 100 mil habitantes foi acima dos 926 casos em 26 concelhos da categoria de máxima incidência cumulativa.