Natal de aprendizagem


Claro que sinto nostalgia e umas saudades imensas daqueles anos em que mal dormíamos no dia 23 para 24, ansiosos para que chegasse a noite. Em três tempos. Primeiro, jantar em casa da bisavó Maria com a família da minha mãe. As tradições todas. Do bacalhau cozido à broa de Avintes com piadas de sempre…


Não é segredo para as pessoas que me conhecem. O Natal é a minha época preferida do ano. Sempre foi, talvez por ter tido uma infância tão feliz. Todo o mês de dezembro até lá chegar é quase uma contagem decrescente que se acende permanentemente na minha cabeça e eu assumo que ando mais bem disposto e feliz. Este é porém o mais diferente de todos os natais. Pelas vicissitudes inerentes à pandemia, pelos cuidados a ter e pela forma com que pela primeira vez não podemos reunir a família toda (mesmo que nos últimos anos seja a duas velocidades). Temos que nos adaptar. Sem dramas mas obstinados em transformar este ano numa passagem para o que aí vem e determinados em fazer chegar o grupo sem baixas às festividades de 2021.

Claro que sinto nostalgia e umas saudades imensas daqueles anos em que mal dormíamos no dia 23 para 24, ansiosos para que chegasse a noite. Em três tempos. Primeiro, jantar em casa da bisavó Maria com a família da minha mãe. As tradições todas. Do bacalhau cozido à broa de Avintes com piadas de sempre que não posso aqui referir e que envolviam o alho picado que era colocado amiúde sobre a mesa, numas pequenas taças brancas com umas pinceladas de azul. Os mais novos de um lado e os mais velhos do outro. Cerca de 30 pessoas em festa. Por volta das 23:00 fazíamos aí as primeiras trocas de presentes, das quais recordo especialmente os envelopes com figuras chinesas que a minha Avó Alice e a minha Tia Olinda haviam trazido da sua estada em Macau. Lá dentro uma nota boa. Apressávamo-nos nas despedidas para seguirmos em direção ao segundo destino. A casa da minha avó Julita com a família do meu pai.

Lá chegados uma mesa montada para a Ceia, onde sobressaia um imponente e dourado Perú que se fazia acompanhar por doces variados. Os meus preferidos eram as bolinhas de chocolate da avó Bina (dos meus primos) e as maravilhosas filhoses que ainda hoje lhes sinto o gosto na boca. Ao fundo, quatro cestas de verga com presentes a deitar por fora. O meu, o da minha irmã Joana e dos meus primos Paula e Pedro. Era uma emoção indescritível quando o relógio tocava a meia-noite e tínhamos autorização para atacar. Recordo-me do presente da Isabel (amiga da minha tia) e dos que os meus tios nos ofereciam e que muito agradecíamos enquanto o meu tio Mário fumava o seu charuto e dizia uns “ora” que ainda hoje guarda. Daí para minha casa já passava sempre da uma. Lá esperavam-nos, junto à árvore de Natal as prendas dos meus pais que nos faziam os olhos brilhar. Entre muitos abraços e beijos foram várias as vezes que se foram deitar enquanto eu ficava a admirar o que tinha recebido.

Este ano tudo isto será reduzido ao terceiro ato. Nós os 4, o Filipe (marido da minha irmã) e a Leonor (a nova coqueluche da família ). Será por isso diferente mas nem por isso menos especial. Um ano de aprendizagem, de olhar para o passado e relembrar o que vivemos mas também para o futuro. Tempo de darmos valor ao que tivemos e ao que temos, saber aproveitar ao máximo cada momento das nossas vidas e não esperar por amanhã. Não há tempo para grandes dramas nem para excessivos “mimimis”. É um oportunidade única para percebermos que devemos retirar o melhor de cada segundo e sentirmo-nos felizes por aquilo que temos. Sei que nem todos terão esta sorte. Penso especialmente neles este ano. Que consigam encontrar na tristeza algum conforto e na falta a motivação necessária para construírem um amanhã melhor. Desejo a todos um Santo e Feliz Natal e que no meio de tantas dificuldades se encontrem num sorriso. O abraço e os beijos ficam para o ano.

Natal de aprendizagem


Claro que sinto nostalgia e umas saudades imensas daqueles anos em que mal dormíamos no dia 23 para 24, ansiosos para que chegasse a noite. Em três tempos. Primeiro, jantar em casa da bisavó Maria com a família da minha mãe. As tradições todas. Do bacalhau cozido à broa de Avintes com piadas de sempre…


Não é segredo para as pessoas que me conhecem. O Natal é a minha época preferida do ano. Sempre foi, talvez por ter tido uma infância tão feliz. Todo o mês de dezembro até lá chegar é quase uma contagem decrescente que se acende permanentemente na minha cabeça e eu assumo que ando mais bem disposto e feliz. Este é porém o mais diferente de todos os natais. Pelas vicissitudes inerentes à pandemia, pelos cuidados a ter e pela forma com que pela primeira vez não podemos reunir a família toda (mesmo que nos últimos anos seja a duas velocidades). Temos que nos adaptar. Sem dramas mas obstinados em transformar este ano numa passagem para o que aí vem e determinados em fazer chegar o grupo sem baixas às festividades de 2021.

Claro que sinto nostalgia e umas saudades imensas daqueles anos em que mal dormíamos no dia 23 para 24, ansiosos para que chegasse a noite. Em três tempos. Primeiro, jantar em casa da bisavó Maria com a família da minha mãe. As tradições todas. Do bacalhau cozido à broa de Avintes com piadas de sempre que não posso aqui referir e que envolviam o alho picado que era colocado amiúde sobre a mesa, numas pequenas taças brancas com umas pinceladas de azul. Os mais novos de um lado e os mais velhos do outro. Cerca de 30 pessoas em festa. Por volta das 23:00 fazíamos aí as primeiras trocas de presentes, das quais recordo especialmente os envelopes com figuras chinesas que a minha Avó Alice e a minha Tia Olinda haviam trazido da sua estada em Macau. Lá dentro uma nota boa. Apressávamo-nos nas despedidas para seguirmos em direção ao segundo destino. A casa da minha avó Julita com a família do meu pai.

Lá chegados uma mesa montada para a Ceia, onde sobressaia um imponente e dourado Perú que se fazia acompanhar por doces variados. Os meus preferidos eram as bolinhas de chocolate da avó Bina (dos meus primos) e as maravilhosas filhoses que ainda hoje lhes sinto o gosto na boca. Ao fundo, quatro cestas de verga com presentes a deitar por fora. O meu, o da minha irmã Joana e dos meus primos Paula e Pedro. Era uma emoção indescritível quando o relógio tocava a meia-noite e tínhamos autorização para atacar. Recordo-me do presente da Isabel (amiga da minha tia) e dos que os meus tios nos ofereciam e que muito agradecíamos enquanto o meu tio Mário fumava o seu charuto e dizia uns “ora” que ainda hoje guarda. Daí para minha casa já passava sempre da uma. Lá esperavam-nos, junto à árvore de Natal as prendas dos meus pais que nos faziam os olhos brilhar. Entre muitos abraços e beijos foram várias as vezes que se foram deitar enquanto eu ficava a admirar o que tinha recebido.

Este ano tudo isto será reduzido ao terceiro ato. Nós os 4, o Filipe (marido da minha irmã) e a Leonor (a nova coqueluche da família ). Será por isso diferente mas nem por isso menos especial. Um ano de aprendizagem, de olhar para o passado e relembrar o que vivemos mas também para o futuro. Tempo de darmos valor ao que tivemos e ao que temos, saber aproveitar ao máximo cada momento das nossas vidas e não esperar por amanhã. Não há tempo para grandes dramas nem para excessivos “mimimis”. É um oportunidade única para percebermos que devemos retirar o melhor de cada segundo e sentirmo-nos felizes por aquilo que temos. Sei que nem todos terão esta sorte. Penso especialmente neles este ano. Que consigam encontrar na tristeza algum conforto e na falta a motivação necessária para construírem um amanhã melhor. Desejo a todos um Santo e Feliz Natal e que no meio de tantas dificuldades se encontrem num sorriso. O abraço e os beijos ficam para o ano.