NBA. Quem consegue destronar o rei?

NBA. Quem consegue destronar o rei?


Os Los Angeles Lakers de King James e Anthony Davis partem como favoritos para renovarem o título de campeões da NBA, mas os candidatos estão à espreita.


Parece que foi ontem que LeBron James e Anthony Davis estavam a celebrar o 17.o campeonato dos Los Angeles Lakers, depois de terem derrotado os Miami Heat no sexto jogo dos play-offs da NBA.

Na realidade, não foi assim há tão pouco tempo. O jogo em que o título ficou selado aconteceu a 11 de outubro, o que ofereceu pouco mais de dois meses para as equipas da liga norte-americana de basquetebol desfrutarem de férias, prepararem a seleção dos rookies – jogadores que entram pelo primeiro ano na liga – e dos jogadores livres, realizarem trocas e disputarem a pré-época.

Nunca um intervalo entre épocas foi tão curto, mas a verdade é que a maior liga de basquetebol do mundo regressa hoje com jogos entre os campeões em título e os seus rivais Los Angeles Clippers e entre os Brooklyn Nets e os Golden State Warriors, duas equipas que realizaram épocas discretas no ano passado, mas que este ano são sérias candidatas ao título, depois do regresso dos seus talismãs, nomeadamente Kyrie Irving e Kevin Durante para a turma de Brooklyn e Stephen Curry nos Warriors.

O calendário da fase regular terá menos jogos, 72 em vez dos típicos 82, e, devido ao atual contexto de pandemia, as viagens das equipas serão reduzidas em 25%. Quanto aos espetadores, poucas foram as equipas que se comprometeram a receber imediatamente os seus fãs, mas Cleveland Cavaliers, Dallas Mavericks, New Orleans Pelicans, Orlando Magic, Toronto Raptors e Utah Jazz irão permitir audiência assim que a liga começar.

Todos a olhar para o trono Apesar das estranhas condições em que a liga vai recomeçar, algo parece ser unânime entre analistas desportivos: os Lakers são os favoritos para reconquistar o título.

A equipa treinada por Frank Vogel, no mesmo ano em que morreu uma das suas maiores lendas, Kobe Bryant, esteve imparável no recomeço da época e, dentro da “bolha” de Orlando, foram sempre a melhor equipa.

Nos play-offs, liderados pela dupla composta por LeBron James e Anthony Davis, em 22 jogos, os Lakers apenas perderam cinco e nenhuma equipa parecia verdadeiramente equipada para deter os campeões.

Agora, a entrar na época de 2020/21, a equipa manteve os seus dois craques e conseguiu melhorar a sua já impressionante segunda unidade. Apesar das saídas de experientes jogadores como Dwight Howard, Rajon Rondo, Javale McGee ou Danny Green, a equipa de Los Angeles reforçou-se com dois dos melhores suplentes da liga na última época, Montrezl Harrell e Dennis Schröder (o primeiro foi inclusive considerado o melhor suplente), e os experientes Marc Gasol, ex-melhor jogador defensivo em 2013, e Wesley Matthews, tornando-se assim mais versátil e competente quando os seus dois melhores jogadores estiverem fora de campo.

Tudo parece bem encaminhado para os campeões renovarem o título. No entanto, há pretendentes que aparecem bem posicionados para estragarem a festa de King James.

Segundo a previsão da ESPN, os favoritos a intrometerem-se na disputa do título são os Milwaukee Bucks, equipa que conta com Giannis Antetokounmpo, o MVP das duas últimas épocas, e que este ano se reforçou com o subvalorizado base Jrue Holiday, um dos melhores jogadores na sua posição e na liga e que é uma clara evolução em detrimento do jogador por quem foi trocado, Eric Bledsoe.

Apesar de terem falhado no negócio que veria o sérvio Bogdan Bogdanovicć a juntar-se ao plantel, os Bucks são uma equipa melhor do que na época passada, em que tiveram o melhor recorde da liga, com 56 vitórias e 17 derrotas. As maiores dúvidas estão na capacidade da equipa para competir durante os play-offs. No ano passado, Giannis e companhia foram eliminados pelos Miami Heat nas semifinais e apenas conseguiram uma vitória. No ano anterior foram eliminados nas finais da conferência Este pelos Toronto Raptors. Em 2018 nem sequer passaram da primeira ronda. Serão os Bucks suficientemente frios e cirúrgicos para finalmente se sagrarem campeões?

Uma das novidades na corrida para o título são os já mencionados Nets. Se Irving e Durant (MVP em 2014) se mantiverem saudáveis até ao final da época são argumentos mais que suficientes para a equipa se encontrar na disputa pelo título. Claro que isto é um grande “se”. Durant falhou a época passada toda – a última vez que jogou foi a 10 de junho de 2019, durante as finais, quando ainda estava nos Golden State, e Irving só fez 20 jogos na época passada e, no pouco que jogou, conseguiu alienar os seus colegas com duras críticas. Tudo dependerá da saúde e da química desta equipa para atingir o sucesso.

Por falar em química, uma das maiores desilusões do ano passado, os Los Angeles Clippers, que tinham tudo para triunfar depois de adicionarem os astros Kawhi Leonard e Paul George, tiveram uma performance frustrante nos play-offs, eliminados nas semifinais pelos Denver Nuggets, e nunca conseguiram chegar ao nível de jogo que ambicionavam. Este ano, com a ajuda do novo treinador, Tyronn Lue (que no seu primeiro ano como treinador levou os Cleveland Cavaliers de LeBron James a vencer o seu primeiro título), os Clippers esperam conseguir conciliar o talento do plantel e realizar uma época melhor do que no ano passado.

Em contrapartida, o segredo para a inesperada época que os Miami Heat realizaram no ano passado, em que partiram da quinta posição da conferência Este e só pararam nas finais da NBA, foi a excelente química entre os jogadores e a equipa técnica, que soube aproveitar e maximizar os talentos de cada jogador para criar um estilo de jogo divertido de observar e eficaz. Desde que LeBron James abandonou os Heat, em 2014, que a equipa não jogava tão bem. Esta época, com o desenvolvimento e a experiência adquirida por parte de jovens jogadores como Bam Adebayo, Tyler Herro ou Duncan Robinson, e se a estrela da equipa, Jimmy Butler, continuar na boa forma que mostrou nos play-offs, é esperado que os Heat continuem a ser uma ameaça e voltem a realizar uma boa época.

Contudo, se estivermos a falar de candidatos ao título, não podemos deixar de fora os Dallas Mavericks do mágico Luka Doncic, indiscutivelmente o jogador com mais talento bruto em toda a NBA e que este ano está a ser apontado como um dos favoritos para ser eleito Melhor Jogador da NBA. Na sua terceira época enquanto profissional (nos Estados Unidos), o jogador provou ser um talento único, capaz de resolver jogos sozinho e, ao mesmo tempo, elevar o potencial dos seus colegas de equipa. Se o segundo melhor jogador da equipa, Kristaps Porzingis, um poste de 2,21 metros capaz de lançar a bola de qualquer posição do campo, estiver saudável e o seu novo colega de equipa, Josh Richardson, conseguir ajudar a colmatar as falhas defensivas do plantel, os Mavericks vão ser uma equipa ainda mais perigosa do que no ano passado, quando alcançaram recordes históricos a nível ofensivo.

Prontos para dar o salto Além dos favoritos ao título existem outras equipas bastante interessantes e que podem ser surpresas no final do campeonato. Tem-se falado muito nos Atlanta Hawks e por vários bons motivos. Depois de épocas de mediocridade, este ano, com as adições de Danilo Gallinari, Bogdan Bogdanovic, Rajon Rondo e Kris Dunn a uma jovem equipa construída em torno do talentoso base Trae Young, os Hawks apresentam-se mais experientes e mais versáteis e prontos para regressar aos play-offs.

Os Phoenix Suns, depois de uma excelente campanha na “bolha” de Orlando, foram os únicos invictos e, com a adição do experiente “Point God” Chris Paul, irão certamente dar um salto qualitativo. Resta saber se os jovens talentos Devin Booker e Deandre Ayton têm o que é necessário para regressar aos play-offs, dez anos depois da sua última visita.

Talento jovem é o que não irá faltar esta época na NBA. Apesar de, historicamente, a juventude não representar hipóteses instantâneas de se ser campeão, pelo menos equipas como os New Orleans Pelicans, que contam no seu plantel com um dos mais badalados jovens jogadores da liga, Zion Williamson – que passou a maior parte da época passada lesionado e irá ter oportunidade de mostrar o porquê de estar a ser apontado como a nova cara da NBA, ou os Minnesota Timberwolves, com o seu curioso “Big Three”, composto por Karl-Anthony Towns, D’Angelo Russel e o número 1 do draft de 2020, Anthony Edwards, podem dormir com a consciência tranquila, uma vez que têm o seu futuro garantido.