O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu esta segunda-feira não fazer a tradicional mensagem de Ano Novo. Numa nota oficial, o Chefe de Estado sustentou que "participa, na qualidade de candidato às eleições presidenciais, em debates com outros candidatos nos dias imediatos". Inicialmente, no passado domingo, o Chefe de Estado tinha dito ao i que "sim", faria a mensagem de Ano Novo. Porém, olhando para o calendário, mudou de ideias.
Na nota oficial de Belém, o Presidente explica que "em 2021 as eleições estão previstas para 24 de janeiro, pelo que o dia 1 é bem antes do início da campanha eleitoral a 10 de janeiro. No entanto, o Presidente da República decidiu não dirigir a tradicional mensagem de Ano Novo aos Portugueses, pois participa, na qualidade de candidato às eleições presidenciais, em debates com outros candidatos nos dias imediatos". De facto, como recandidato presidencial, Marcelo Rebelo de Sousa tem marcado já um debate televisivo no dia 2 de janeiro com a adversária Marisa Matias, candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda. Antes dessa data, o Presidente, na qualidade de recandidato presidencial, também dará várias entrevistas.
Ora, o Presidente da República admitiu que os debates com os candidatos presidenciais, previstos para os dias 2 e 3, poderiam ser adiados, dado que há recolher obrigatório a partir das 13 horas, ao abrigo das restrições aplicadas pelo Governo no quadro do atual Estado de Emergência. Porém, os debates serão gravados pela manhã ( e emitidos à noite). Por isso, o Chefe de Estado optou por não fazer a mensagem de Ano Novo. Afinal, estaria a falar ao País pelas 21 horas de 1 de Janeiro de 2021 e no dia seguinte, de manhã, estaria a confrontar argumentos com a candidata Marisa Matias, enquanto recandidato presidencial. Assim, Marcelo Rebelo de Sousa recuou na sua posição inicial para evitar ruído em torno dos dois papéis que desempenha: o de Presidente e de recandidato presidencial.
Na explicação oficial dada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda um histórico sobre a atuação dos seus antecessores para sustentar a sua decisão: "Depois do 25 de abril, todos os cinco Presidentes da República eleitos depois da Constituição de 1976 dirigiram tais mensagens aos Portugueses, com duas exceções, a dos Presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio, que não o fizeram respetivamente a 1 de janeiro de 1991 e a 1 de janeiro de 2001, pois se estava em pleno período de campanha eleitoral para as eleições de 13 de janeiro de 1991 e de 14 de janeiro de 2001, tendo-se a campanha eleitoral iniciado a 30 de dezembro de 1990 e a 31 de dezembro de 2010, 14 dias antes do ato eleitoral em que foram reeleitos".
Mais à frente, o Chefe de Estado recordou também o caso do general Ramalho Eanes e o de Cavaco Silva:" O General Ramalho Eanes fez a tradicional mensagem a 1 de janeiro de 1981, mas já estava reeleito desde 7 de dezembro de 1980. Já em 2011, em que as eleições presidenciais se desenrolaram a 23 de janeiro, o Presidente Cavaco Silva proferiu a mensagem a 1 de janeiro, portanto antes do início da campanha eleitoral".
[notícia atualizada às 16h00]