Estradas. Reequacionar a vida depois de sobreviver a um acidente

Estradas. Reequacionar a vida depois de sobreviver a um acidente


Algumas vítimas precisam de acompanhamento psicológico, outras não. Mas é “muito frequente” passarem a encarar a vida com outros olhos, lembra Júlio Machado Vaz.


Todos os dias somos confrontados com pequenos sustos: ou porque pensamos ter perdido as chaves de casa ou do carro, ou simplesmente porque um familiar ou amigo não atende o telemóvel durante um determinado período de tempo, porque se tinha esquecido dele quando foi para o trabalho. No entanto, subimos inevitavelmente de patamar, no que toca às questões psicológicas, quando nos debruçamos sobre um tema com contornos fortemente mais sérios: sobreviver a um acidente de viação.

Foi em julho de 2005 que Margarida, de 23 anos, escapou a uma situação grave em plena estrada. Com o pavimento molhado devido à chuva, conta ao i que, aos oito anos, poderia ter sido uma das vítimas mortais de que se ouve diariamente falar nos noticiários. “Estive perto de ter um acidente com a minha mãe, uma vez. Estava a chover, mas no verão. E estávamos a passar pela rotunda do Oeiras Parque. O carro fez um pião autêntico porque a estrada estava encharcada. Acho que deu mais do que uma volta. Pensei mesmo que ia morrer”, começou por relatar, sublinhando que, se os carros que iam em direção à rotunda não parassem, a situação tinha tido um desfecho trágico.

“Os carros pararam todos, porque se alguém tivesse feito a rotunda, nem quero pensar. Lembro-me bem de me ter agarrado com força a uma toalha de praia, que era uma das poucas coisas que tinha no banco de trás. Acho que senti algum tipo de conforto ao fazer isso”, explicou. Uma toalha que foi o conforto que muitos não têm. Nos casos mais graves, disse, considera que as pessoas sentem que têm uma “segunda oportunidade para viver”. Já no seu caso, sublinhou que, nos dias que correm, o susto se intromete, por vezes, no seu pensamento.

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