Ninguém tem dúvidas que esta será uma época de festas atípica. Governos por toda a Europa tentam perceber como lidar com festividades dedicadas a reunir família e amigos, em tempos de pandemia.
No centro do plano da Alemanha, acordado entre os chefes de executivo estaduais e o Governo central, está a ideia de manter a atual paralisação parcial da vida pública até 20 de dezembro, com fecho de bares, restaurantes, hotéis e ginásios, diminuindo ao máximo possível o número de contágios, para depois permitir uma espécie de amnistia às regras entre 23 de dezembro e 1 de janeiro.
Mesmo assim, mantêm-se algumas precauções. Poderá haver encontros com um máximo de 10 pessoas, vindas de casas diferentes, ficando as crianças com até 14 anos excluídas deste cálculo.
Na mesma lógica de diminuir ao mínimo os contágios antes das festividades, é proposto que os cidadãos mantenham uma quarentena voluntária de vários dias antes das férias. Também se pede aos empregadores que estudem a possibilidade de encerrar as suas empresas entre 21 de dezembro e 3 de janeiro, com recurso a férias ou teletrabalho. Além disso, será antecipado o início das férias escolares para 16 de dezembro – dando mais tempo a que alunos ou professores infetados numa sala de aula sejam detetados antes de se reunirem com a família.
No que toca às cerimónias religiosas de Natal, as autoridades alemãs ainda vão discutir “com as comunidades religiosas como serão feitos os serviços religiosos e outras reuniões religiosas, para reduzir os contactos”, segundo prevê o acordo. Mas deverá ser permitido às igrejas que mantenham serviços religiosos de Natal, tentando evitar cerimónias de grandes dimensões.
Um dos pontos que provocou mais discórdia foi o debate sobre o uso de fogo-de-artifício no Ano Novo. Normalmente, só é permitido aos alemães comprar fogo-de-artifício nos três dias antes da festividade, quando são lançados milhões e milhões de foguetes por todo o país — verifica-se recorrentemente um pico de ferimentos, hospitalizações e incêndios, algo que ganha ainda maior gravidade em tempos de pandemia.
Os estados governados pelo Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD, em alemão), de centro-esquerda, defenderam a proibição total do fogo-de-artifício, mas saíram derrotados do encontro de líderes estatuais, que aprovou somente uma recomendação contra uso de fogo-de-artifício, deixando em aberto a possibilidade de ser proibido em espaços públicos.
Tentar salvar o Natal
O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na terça-feira que as restrições serão “mais ligeiras” após 28 de novembro, e que não haverá recolher obrigatório entre 25 e 31 de dezembro. Macron alertou os franceses que “estas férias de Natal não vão ser como as outras”, avisando que as restrições nas viagens entre regiões irão depender do avanço da epidemia.
Contudo, a 15 de dezembro já haverá uma certa reabertura, sendo permitidos passeios até 20 quilómetros da residência, com duração máxima de três horas. O pequeno comércio poderá manter-se aberto até às 21h e locais de culto religioso poderão receber grupos com até 30 pessoas, mantendo as regras de distanciamento social.
Os espaços culturais vão reabrir em duas fases. A primeira, que acontecerá este fim de semana, irá permitir a reabertura de lojas de livros e de discos, bibliotecas e galerias de arte. Já a segunda fase, a 15 de dezembro, permitirá abrir as portas de salas de cinema e espetáculos, monumentos e museus.
No entanto, continua a ser obrigatória uma justificação que detalhe os motivos de saída de casa, assim como a imposição de multas caso esta obrigação não seja respeitada. E os restaurantes e bares apenas voltarão a abrir depois de 20 de janeiro.
Itália com pouca Speranza
O ministro da Saúde de Itália, Roberto Speranza, tentou baixar as expectativas dos italianos quanto às festividades deste ano. O ministro alertou que a liberdade de movimentos e abertura do comércio na época do Natal apenas aconteceria se todas as regiões tivessem baixo risco de contágio de covid-19.
“Será um Natal diferente e mais sóbrio, em que teremos de evitar movimentos que não sejam essenciais”, afirmou Speranza, perante as câmaras. Roma está a estudar as regras a aplicar no período de Natal, que constarão num novo decreto que entrará em vigor em 4 de dezembro.
Restrições pós-natal
Países como o Reino Unido e Espanha já tinham anunciado a semana passada que iriam aliviar as restrições na época de festas, levando o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, em inglês) a pedir cautela aos que sigam esse exemplo.
Os países que levantem restrições para permitir reuniões familiares no Natal deverão tomar medidas para controlar um provável aumento das hospitalizações logo na primeira semana de janeiro, avisou o ECDC.