Samuel Eto’o. Do adeus ao até já: camaronês pode furar reforma e juntar-se a lote conhecido

Samuel Eto’o. Do adeus ao até já: camaronês pode furar reforma e juntar-se a lote conhecido


O Racing de Murcia vai defrontar o Levante na Taça do Rei: direção do clube da terceira divisão espanhola pretende que partida seja histórica – como tal, nada como trazer de volta aos relvados o antigo internacional camaronês, atualmente com 39 anos. De Adu a Pelé, além de o caricato caso de Petr Cech, não…


Pouco mais de um ano depois de ter pendurado as botas, Samuel Eto’o pode regressar aos relvados. O Racing de Murcia, da terceira divisão espanhola, pretende tornar-se o responsável por tirar o antigo internacional camaronês, de 39 anos, da reforma. A informação foi avançada esta terça-feira pelo presidente do emblema marciano, Morris Pagniello, que garantiu que atualmente a transferência de Eto’o “está em 50-50”, mas que na próxima semana já haverá decisão final. A direção do clube espanhol tenta repescar o ex-jogador para o jogo com o Levante, a contar para a Taça do Rei (16 de dezembro). O objetivo é simples: que a partida seja histórica. A confirmar-se a contratação do antigo avançado, a missão será logo à partida bem sucedida, uma vez que irá tratar-se da aquisição mais mediática de sempre do modesto clube espanhol. Indiferente aos custos associados à operação, Pagniello mostrou confiança num final feliz: “Temos vários investidores no México e nos Emirados que podem compensar financeiramente a operação”. “Se o contratarmos, o treinador já sabe que tem de alinhar com ele. Mas é evidente que o jogo contra o Levante é muito importante e que é o momento para que haja exceções”, rematou o dirigente.

Ao longo da sua carreira de duas décadas, o avançado vestiu a camisola de 13 equipas de seis ligas diferentes, tendo alinhado em clubes como Real Madrid, Barcelona, Chelsea, Everton e Inter. No total, fez 718 jogos, tendo assinado 359 golos. Já pela seleção dos Camarões, Eto’o marcou 56 golos em 118 internacionalizações.

No currículo apresenta 19 títulos (entre os quais quatro Champions – ao serviço do Real Madrid, Inter e duas pelo Barcelona) e uma medalha olímpica nos Jogos de Sidney. Pelos Camarões venceu ainda por duas ocasiões o Campeonato Africano das Nações (CAN).

Em setembro de 2019, o avançado anunciou o final de carreira, depois de ter cumprido o último ano no Qatar Sports Club.

A menos de um mês do encontro com o clube do primeiro escalão do futebol espanhol, uma coisa é certa: o Racing de Murcia está já nas bocas do mundo. Porém, e apesar da novidade sonante, o presidente do clube da 3.ª divisão também fez questão de avisar de imediato que caso a contratação do camaronês caia por terra, o clube já tem um “plano B preparado”.

Eto’o pode estar assim muito perto de perder o rótulo de retirado e juntar-se a um clube com várias caras conhecidas.

De Adu a Pelé e o caricato caso de Cech Freddy Adu é o exemplo mais recente, depois de ter regressado aos relvados em outubro último. Aos 31 anos, o antigo jogador do Benfica (2007) assinou pelo Osterlen FF, modesto emblema que milita na terceira divisão do futebol sueco. O médio, em tempos conhecido como o “novo Pelé”, estava afastado dos relvados desde dezembro de 2018, quando terminou a ligação ao Las Vegas Lights, clube da USL Championship dos Estados Unidos. O norte-americano acabou, de resto, por ter uma carreira muito longe das expectativas criadas à sua volta e ainda antes já tinha estado sem clube por mais três ocasiões. No Benfica nunca conseguiu impor-se, tendo assinado 17 jogos oficiais na equipa principal e apontado quatro golos. Até terminar a ligação com as águias (2011), a vida desportiva do médio ficou marcada por empréstimos sucessivos, com destaque para a cedência ao Belenenses (2009).

Curiosamente, Pelé também integra a lista dos que quebraram a reforma para voltar a jogar. O ex-internacional brasileiro alinhou ao longo de toda a carreira pelo Santos – pelo menos até anunciar a despedida e voltar para alinhar pelo New York Cosmos, nos Estados Unidos. No emblema norte-americano, Pelé jogou durante três temporadas (desde 1975 até 1977), antes de terminar a carreira pela última vez. Ainda em solo brasileiro, há os famosos casos de Rivaldo e Romário: o primeiro anuncio de despedida do médio chegou no futebol angolano, no Kabuscorp – voltou aos relvados e terminaria novamente a carreira nos brasileiros do Mogi Mirim, em 2014; enquanto o ponta de lança decidiu voltar a calçar as botas um ano e meio depois de se ter despedido no Vasco da Gama, onde se formou – jogou meio ano no América-RJ (2009/10), tendo saído (mais uma vez) muito perto de completar 44 anos.

Em Inglaterra, também Paul Scholes voltaria ao Manchester United (2012) para alinhar por mais um ano e meio, depois de ter anunciado a sua despedida em 2011. O holandês Johan Cruyff (ausente na época 1982/83, regressou entretanto para representar o Ajax, antes de se despedir oficialmente pela última vez no verão de 1984, já pelo Feyenoord); os franceses Djibril Cissé (ex- jogador do Liverpool e Marselha parou entre outubro de 2015 e o verão de 2017, altura em que assinou pelos suíços do Yverdon-Sport, que atualmente competem na III divisão do futebol do país) e Fabien Barthez (ex-jogador do Man. United e Marselha esteve meio ano fora dos relvados antes de regressar para encerrar a carreira no Nantes, em 2007); o alemão Jens Lehmann (o guardião pendurou as luvas no verão de 2010, no Estugarda, mas voltou cerca de meio ano depois para o Arsenal, seu antigo clube, tendo alinhado durante cinco meses antes do último adeus) e o argentino Juan Sebastián Verón (antigo médio do Man. United, Inter e Chelsea anunciou por três ocasiões o final de carreira – sempre no Estudiantes, clube em que se formou) são outros exemplos de jogadores que decidiram interromper a reforma para voltarem a dar o ar da sua graça.

Entre os casos mais conhecidos, nota final para o curioso e caricato exemplo de Petr Cech: imediatamente depois de ter encerrado a carreira de futebolista no verão de 2019, ao serviço do Arsenal, o antigo internacional checo anunciou o seu regresso nos… Guildford Phoenix, uma equipa da quarta divisão britânica de hóquei no gelo. À data com 37 anos, o guarda-redes optou por voltar a calçar as luvas na modalidade que praticou na juventude e que sempre acompanhou ao longo dos 20 anos que jogou futebol profissional. Atualmente, o checo é um dos 25 jogadores inscritos do Chelsea para jogar na… Premier League. Guarda-redes dos blues entre 2004 e 2015, Cech, atualmente com 38 anos, é conselheiro técnico do clube londrino e foi inscrito como “medida de prevenção devido às imprevisíveis condições relacionadas com a covid-19”. Cech juntou-se assim a Willy Caballero, Kepa Arrizabalaga e Edouard Mendy na lista de guardiões disponíveis às ordens de Frank Lampard.