Desde que a pandemia entrou na nossa vida, e sendo essa a preocupação prioritária de praticamente todos os Estados, como seria de esperar foram paulatinamente ficando para segundo plano todos os restantes problemas que vinham assolando a Europa nos últimos anos.
Tudo isto é compreensível até certo ponto, mas deixa de fazer sentido quando a massificação de informação sobre a pandemia, muitas vezes contraditória, não só não esclarece o tema como contribui para que não sobre tempo para que se discuta qualquer outro. Tanto é que nos últimos dias voltámos a ter um novo alerta de que não se podem negligenciar os restantes perigos que a nossa época tem, sendo um dos mais preocupantes a proliferação de ataques terroristas em solo europeu.
Na semana passada, Nice, Lyon e Viena de Áustria foram, desta feita, os palcos escolhidos para que verdadeiros bárbaros revelassem uma vez mais a sua pervertida, radical e fundamentalista mente e forma de estar na vida (e no mundo), não se coibindo de liquidar inocentes com verdadeiros requintes de malvadez, frieza, e completo desprendimento pela vida do próximo.
Não podemos continuar a desvalorizar uma realidade que está ao virar da esquina e que urge ser devidamente controlada: a escalada dos fenómenos de radicalismo e fundamentalismo islâmico em território europeu (nas suas várias vertentes), circunstância que tem de ser combatida ferozmente. Perguntar-me-ão: mas descrever ou delimitar o problema dessa forma não será generalizar um fenómeno a toda uma comunidade quando apenas alguns dos seus integrantes possam hipoteticamente representar um perigo?
A minha resposta é clara. Obviamente que nunca poderemos estigmatizar uma comunidade no seu todo porque fazê-lo seria errado. Mas o que toda essa comunidade tem de compreender é que na Europa devem predominar os princípios e valores que edificaram o espaço comunitário. Quem quiser vir para a Europa só poderá fazê-lo depois de aceitar que, vindo e uma vez cá estando, se terá de submeter aos padrões de sociabilidade europeus.
Quem não tiver essa disponibilidade não pode entrar. E se entrar mas, uma vez cá estando, voltar atrás com o compromisso, tem de sair. Voluntária ou coercivamente. Ponto final parágrafo. Temos sido demasiado brandos, demasiado condescendentes e demasiado permissivos com os fenómenos de subversão identitária que vão assolando todos os países europeus.
Claro que tudo o que digo tem a exigência contrária, ou seja, da mesma forma que temos de ser respeitados devemos saber respeitar o outro. Mas respeitar não significa necessariamente ceder a tudo e mais alguma coisa. Isso não é fazer cedências, mas sim abdicar de ser quem somos. A par de outros, a proliferação do terrorismo, maioritariamente movido por questões religiosas anticristãs, será um dos maiores dramas dos próximos anos.
A Europa, sobretudo perante os resultados de um programa político absolutamente acrítico de entradas e permanências em território comunitário, tem de apertar o escrutínio sobre a residência de determinadas comunidades. Diferenças culturais, respeitam-se. Alterações de matriz civilizacional, nunca.
Claro que quando se diz uma coisa destas é sempre mais fácil agigantar os fantasmas dos racismos, das xenofobias, das extremas isto e extremas aquilo, dos fascismos, dos isolacionismos e por aí fora, para assustar as pessoas. Mas esse é o caminho que querem trilhar os pobres de espírito que não só não querem resolver este problema como pura e simplesmente o negam.
Confúcio disse um dia que “não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador”.
Que saibamos todos cuidar da nossa seara.
Escreve à sexta-feira