Ainda faltavam cerca de quatro horas para o fecho das urnas e já se fazia história no Benfica. Às 18h30 estava oficialmente confirmada a maior participação de sempre em eleições encarnadas, com 24 589 sócios votantes. A marca estava no horizonte desde cedo, com as longas filas de espera a retratarem da melhor forma a corrida dos benfiquistas aos 25 locais de voto espalhados por todo o país. Em vários pontos, ao longo de todo o dia, o tempo de espera superou as duas horas. Nem a pandemia de covid-19, nem a ameaça de chuva constante, nem mesmo o facto de as eleições terem sido antecipadas, face à limitação de circulação entre diferentes concelhos durante o fim de semana, impediram que o clube da Luz ultrapassasse ontem o anterior recorde, fixado em 2012, quando Luís Filipe Vieira foi reeleito presidente do Benfica ao vencer as eleições para os órgãos sociais do clube com 83,02% dos votos contra os 13,83% de Rui Rangel. À data, os 22 676 votantes bateram a marca inédita de 2000, quando Manuel Vilarinho derrotou Vale e Azevedo, num ato eleitoral que teve 21 854 votantes.
“A primeira grande vitória do Benfica é justamente esta [recorde de votantes]. É impressionante verificar a mobilização, a militância benfiquista, dos associados, são milhares. É uma grande vitória, uma grande afirmação da vitalidade do Benfica”, afirmou João Malheiro, que também se encontrava, ao final da tarde, à espera da sua vez para exercer o seu direito de voto no Pavilhão n.o 2 do Complexo Desportivo do Estádio da Luz.
Também António Simões disse estar “comovido” com o facto de serem as eleições com maior afluência de sempre na história encarnada.
“É extraordinário aquilo a que assisti hoje [ontem]. […] Manifesto a minha admiração e até estou comovido com tanta gente a querer votar, isto é muito bom sinal”, adiantou.
Ontem, João Noronha Lopes foi o primeiro dos três candidatos à presidência do Benfica para o quadriénio 2020-24 a votar. Ainda durante a manhã, o candidato da lista B mostrava-se otimista e enaltecia a “mobilização extraordinária” dos sócios. Nas primeiras três horas de votação registavam-se 6 mil votos e antevia-se já a possibilidade de ser atingido um novo recorde.
Já ao início da tarde foi a vez de Vieira ir às urnas. “O Benfica é um clube democrático e a sua grandeza é esta mesmo”, disse o candidato da lista A, que se recandidatou ao sexto mandato, assegurando que seria o seu último, caso fosse eleito.
Ao final da tarde, Rui Gomes da Silva (lista D) exerceu o seu voto e disse sentir que contribuiu para esta afluência histórica: “Sinto que contribuí para esta votação, esta afluência às urnas, lançando a discussão e um projeto alternativo à direção [atual] do Benfica, em função daquilo que conheço e aquilo que sei que é o Benfica e aquilo que eu acho que é o que os sócios do Benfica querem para o futuro do Benfica”.
Independentemente do sentido de voto, Toni, antigo jogador e treinador das águias, afirmou que esperava um Benfica “unido” após este ato eleitoral: “Espero que estas eleições unam o clube. Espero que depois de se saberem os resultados haja só um Benfica, e não três”.
As eleições ficaram ainda marcadas pelas alegadas irregularidades que a lista B apontou no sistema de voto eletrónico nas eleições para os órgãos sociais do clube, além da nova resposta de Vieira às declarações de Bernardo Silva. “Já vi tantas coisas… Depois do que se passou com o menino [Bernardo Silva], como eu o trato, e não vale a pena dizer o nome, não quero comentar mais nada. Isso é a coisa mais baixa que se pode fazer nas eleições”, disse. Recorde-se que a dois dias das eleições, o ex-jogador das águias, atualmente no Manchester City, criticou a gestão de Vieira e pediu “mudança” no Benfica.