Minha varanda amarga e doce


Agora que, a pouco e pouco, O céu muda de tom, cada vez mais esta varanda é a minha varanda amarga e doce, com licença do meu querido Fernando Tordo. É tarde-noite. Mudam-me as horas e eu não quero mudar de horas, não quero este nunca mais acabar de pequenos fascismos que irão tornar-se fascismos…


Agora que, a pouco e pouco, O céu muda de tom, cada vez mais esta varanda é a minha varanda amarga e doce, com licença do meu querido Fernando Tordo. É tarde-noite. Mudam-me as horas e eu não quero mudar de horas, não quero este nunca mais acabar de pequenos fascismos que irão tornar-se fascismos por inteiro quando a gente acordar certo dia com a aflição incontida no peito de não mais saber o que fazer. Lembram-se do menino doente, acamado, do conto de Augusto Gil? Todas as manhãs pedia à ama: “Ama, vai à janela e diz-me: ainda há mundo?” Eu também pergunto: ainda há mundo? Pela janela vejo um risco azulejando por entre nuvens onde talvez nasça a primeira estrela da tarde. Anoiteço com esta merda do meridiano de Greenwich e suas omnipotentes vontades, eu que me estou nas tintas para Greenwich, que desobedeço a Greenwich, que defino o meu próprio fuso horário. Larguem-nos! Parem de nos agarrar pelos braços, como dizia Álvaro de Campos. 

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Minha varanda amarga e doce


Agora que, a pouco e pouco, O céu muda de tom, cada vez mais esta varanda é a minha varanda amarga e doce, com licença do meu querido Fernando Tordo. É tarde-noite. Mudam-me as horas e eu não quero mudar de horas, não quero este nunca mais acabar de pequenos fascismos que irão tornar-se fascismos…


Agora que, a pouco e pouco, O céu muda de tom, cada vez mais esta varanda é a minha varanda amarga e doce, com licença do meu querido Fernando Tordo. É tarde-noite. Mudam-me as horas e eu não quero mudar de horas, não quero este nunca mais acabar de pequenos fascismos que irão tornar-se fascismos por inteiro quando a gente acordar certo dia com a aflição incontida no peito de não mais saber o que fazer. Lembram-se do menino doente, acamado, do conto de Augusto Gil? Todas as manhãs pedia à ama: “Ama, vai à janela e diz-me: ainda há mundo?” Eu também pergunto: ainda há mundo? Pela janela vejo um risco azulejando por entre nuvens onde talvez nasça a primeira estrela da tarde. Anoiteço com esta merda do meridiano de Greenwich e suas omnipotentes vontades, eu que me estou nas tintas para Greenwich, que desobedeço a Greenwich, que defino o meu próprio fuso horário. Larguem-nos! Parem de nos agarrar pelos braços, como dizia Álvaro de Campos. 

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