Depósitos a prazo
Se a sua simplicidade é uma das vantagens, a taxa de remuneração oferecida torna este produto financeiro menos atrativo devido à queda da taxa da Euribor em todos os prazos. Apesar de ter vindo a perder adeptos nos últimos anos devido às taxas de juro que apresenta, continua a ser um dos instrumentos de poupança preferidos dos portugueses. A maioria dos depósitos estão a pagar, em média, uma taxa anual líquida próxima do zero. Mas se é certo que não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.
De acordo com a Deco, “tipicamente, os depósitos a prazo até 12 meses, que podem ser mobilizados antecipadamente, são a melhor opção para esta primeira fase da poupança. Embora as rentabilidades atuais não sejam particularmente atrativas, o capital está garantido e a liquidez é imediata. Tenha, porém, em atenção a ficha de informação normalizada do depósito, para confirmar se pode levantar o dinheiro antes do fim do prazo, em caso de necessidade”.
Certificados de aforro e CTPC
A perda de atratividade dos depósitos a prazo está a levar os aforradores portugueses a olharem cada vez mais para os produtos de poupança do Estado. Neste universo, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) – que vieram substituir os Certificados do Tesouro Poupança Mais – são o produto que mais interesse tem despertado. No caso do aforro, a taxa de remuneração é calculada com base na média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores, acrescida de 1%. Como a Euribor está atualmente em valores negativos, a taxa de juro para novas subscrições de certificados de aforro (série E) foi fixada em 0,516% brutos.
Já nos CTPC, a taxa de juro é crescente: no primeiro e segundo anos são pagos 0,75% (remuneração bruta), que sobem para 1,05% no terceiro ano, 1,35% no quarto, 1,65% no quinto e 1,95% no sexto, até atingir no último ano 2,25%. A taxa de juro a partir do segundo ano é acrescida de um prémio correspondente a 40% do crescimento médio real do PIB, a preços de mercado nos últimos quatro trimestres conhecidos no mês anterior à data de pagamento de juros.
Em setembro, o investimento em certificados aumentou 124 milhões de euros, de acordo com os últimos dados do Banco de Portugal. O investimento nos certificados do Tesouro aumentou 116 milhões de euros no mês passado para um total de 17 367 milhões. Já os tradicionais certificados de aforro totalizaram 12 173 milhões de euros em setembro, um aumento de oito milhões face ao mês anterior.
Obrigações do Tesouro
Até há bem pouco tempo, adquirir obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. Mas o certo é que as OT ganharam uma nova vida quando, em 2016, o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), uma vez que este produto é o principal instrumento do Estado para satisfazer as suas necessidades de financiamento. O certo é que este produto de poupança tem invertido a tendência de desinvestimento em títulos de dívida que as famílias portuguesas vinham traçando. Em relação ao risco, é semelhante ao dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.
Plano Poupança Reforma
A principal vantagem dos PPR era o benefício fiscal que proporcionavam, pois permitiam deduzir 20% das entregas anuais efetuadas até 300, 350 ou 400 euros, consoante a idade do subscritor. Mas, desde 2015, as regras mudaram: os limites são em função da idade (400 euros até aos 35 anos, 350 euros entre os 35 e os 50 anos ou 300 euros para quem tenha mais de 50 anos), conjugados com os limites das deduções totais à coleta. A maioria dos PPR tem capital garantido, por isso, o perfil de risco é moderado. Para a Deco, quem está a menos de dez anos da reforma não deve aplicar mais dinheiro em PPR para poder resgatar aos 60 anos sem problemas. Já quem tem entre os 40 e os 55 anos pode continuar a investir, porque alguns PPR apresentam juros mais elevados que os depósitos.
Bolsa
O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos a cinco anos) para ultrapassarem as flutuações do mercado.
Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizarem a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir.
Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada em que apostamos em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintas.
Não se esqueça da regra “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores consegue reduzir as flutuações do investimento.
Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros, pois a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.
Ouro
O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.
Há ainda outras desvantagens que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras, nada garante que ganhe dinheiro. Por exemplo, quem comprou ouro em 2011 ou 2012 e tente vender agora apenas recuperará pouco mais de metade do valor aplicado. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras, dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra.
Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso – desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras, ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro –, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, nos últimos tempos, o ouro tem vindo a perder o seu brilho.
Outras regras a seguir
Faça um mapa de receitas e despesas
• O primeiro passo para avaliar a saúde das suas finanças é saber para onde está a ir o dinheiro. Faça um mapa de receitas e despesas, apontando diariamente todos os encargos, do empréstimo da casa ao café. Só fazendo uma lista exaustiva das despesas vai ser possível avaliar o caminho que o seu dinheiro está a tomar. Além disso, será ainda possível avaliar o peso das diferentes despesas no orçamento familiar, de forma a reequilibrar as contas lá de casa.
Avalie a sua capacidade de endividamento
• Este indicador é cada vez mais importante para os bancos quando um cliente pede um empréstimo, ou seja, é a chamada taxa de esforço. E o que significa isto? Na prática, não é mais do que verificar quanto pesam os créditos no seu orçamento. Quanto menor for o peso dos créditos no orçamento familiar, melhor. Por isso, verifique o que acontece no seu caso. Se os créditos ultrapassam os 40% e prevê que esse valor aumente, tenha atenção, porque está na zona de alerta.
Conheça o seu estado financeiro
• Financeiramente saudável, equilibrado, endividado ou sobre-endividado: qual o seu estado? Este indicador é o ideal para avaliar a sua situação atual. Ou seja, saudável será quem poupa mais de 20% do rendimento mensal. Financeiramente equilibrado será quem põe de parte até 20% do rendimento mensal. Endividados serão os que não conseguem poupar, ou seja, gastam tudo o que ganham. Por fim, os sobre-endividados serão os que gastam mais do que ganham e já não conseguem pagar as dívidas.