Vaticano. Milénios depois, o Papa quer direitos para pessoas LGBT+

Vaticano. Milénios depois, o Papa quer direitos para pessoas LGBT+


“Não fiquei nada admirado”, garante ao i o padre Anselmo Borges, após o Papa Francisco defender a união civil entre pessoas do mesmo sexo. ”É uma leitura do evangelho muito mais em linha com Cristo”, defendem ativistas LGBT+.


Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados”, avisou Jesus Cristo, citado no Evangelho Segundo Lucas. Questionado pouco após se tornar Papa, relativamente a padres homossexuais, Francisco deu uma resposta semelhante: “Quem sou eu para julgar?”. Ontem o Sumo Pontífice deu mais um passo, apoiando a união civil entre pessoas do mesmo sexo, algo há muito vilificado pelos setores mais conservadores da Igreja. “As pessoas homossexuais tem o direito a ter uma família. São filhos de Deus. O que temos de ter é leis de união civil. Dessa maneira, estão legalmente protegidos”, defendeu o Papa, numa entrevista para um documentário sobre a sua vida, Francesco, que estreou ontem no festival de Roma.

Não é a primeira vez que defende algo do género. Quando era cardeal e dava pelo nome de Jorge Mario Bergoglio em 2010, o futuro Papa liderou a oposição à legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo na Argentina, ao mesmo tempo que, em privado, exigia aos bispos que apoiassem a união civil de pessoas do mesmo sexo, avançou o New York Times, uns anos depois. Ainda assim, uma coisa é o que diz um cardeal à porta fechada, em aquecidas reuniões com bispos, outra é o que diz um Sumo Pontífice perante as câmaras.

“Muita gente ficou muito admirada não foi?”, questiona o padre Anselmo Borges, professor de Filosofia na Universidade de Coimbra, ao i. “Não fiquei nada admirado não. Ouça, quando uma pessoa está atenta ao que o Papa tem vindo a dizer desde o início, não é para admirar”, defende Borges. “O Papa Francisco quer uma Igreja de inclusão, não de exclusão. E desde o princípio que recebeu os homossexuais”.

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