Saúde mental. O que sobra em estigma falta em investimento

Saúde mental. O que sobra em estigma falta em investimento


Cerca de um em cada cinco portugueses já sofreu algum tipo de perturbação mental. A pandemia veio agravar a situação e o investimento na saúde mental mostra-se mais necessário do que nunca.


Assinalou-se no passado sábado, dia 10 de outubro, o Dia Mundial da Saúde Mental. De acordo com o diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental (PNSM), Miguel Xavier, é uma área onde Portugal enfrenta um “problema crónico de sub-investimento”, pelo que lema da data este ano foi justamente “maior investimento, maior acesso”. Miguel Xavier admite que os esforços económicos feito neste setor da saúde na última década estão “muitíssimo abaixo daquilo que são as necessidades” dos portugueses.

De acordo com o “Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental”, feito pela NOVA Medical School, um em cada cinco portugueses sofre com algum tipo de distúrbio mental, o segundo número mais elevado da Europa. Mas há outros dados que demonstram que Portugal está na dianteira no que toca a problemas de saúde mental.

Os estudos sobre temas do foro psiquiátrico começaram nos anos 70 e, em todos eles, Portugal apresenta os piores resultados. Por outro lado, nos estudos relativos ao bem-estar e à felicidade, “Portugal está sempre em último ou em penúltimo” afirma ao i o diretor do Programa Nacional de Saúde Mental.

Mas o que está na origem do flagelo? Miguel Xavier aponta para questões de natureza comportamental, mas principalmente para questões socioeconómicas: “Está demonstrado que os fatores socioeconómicos são determinantes fortíssimos no esgotamento psicológico”. Os baixos salários e o número de horas de trabalho são um exemplo.

E a pandemia do novo coronavírus só veio piorar a situação. De acordo com um estudo revelado em junho pelo Hospital Académico de Israel, 35% das pessoas que estiveram infetadas com covid-19 mostraram sintomas de ansiedade, depressão ou ambos.

Mudança de mentalidade Há quem considere que, para corrigir a situação, é necessário que se mude o paradigma de como se lida com a doença mental em Portugal. Para isso nasceu a associação The Pineapple Mind. O objetivo é a “sensibilização para a saúde mental e erradicação do estigma”, explica ao i a fundadora do projeto, Diana Pereira. A jovem 24 anos é estudante de Medicina e viu-se obrigada a interromper os estudos durante um ano por causa de uma depressão. Foi esta “fase menos boa” que a motivou a criar o The Pineapple Mind. “Juntei os ensinamentos que ganhei desta altura com os meus conhecimentos em Medicina e a minha curiosidade sobre a temática da mente e iniciei este projeto”. A associação partilha testemunhos de pessoas que sofreram com problemas psicológicos com o objetivo de mostrar “que é normal não estar bem”. A essa partilha alia-se a intervenção social: tem parcerias com clínicas que fazem preços mais baixos a quem for por parte da comunidade Pineapple Mind de forma a tornar “acessíveis os cuidados psicológicos a quem precisa”.

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