Grécia. Aurora Dourada considerado organização criminosa

Grécia. Aurora Dourada considerado organização criminosa


Em tempos a terceira força política grega, o partido neonazi é culpado de homicídios e espancamentos de imigrantes e militantes de esquerda.


O Aurora Dourada, um partido neonazi que chegou a ser a terceira força política grega, foi declarado esta quinta-feira pela justiça grega uma organização criminosa. Foi o resultado de cinco anos de julgamento, que juntou três casos num: o homicídio à facada do rapper Pavlos Fyssas, um ícone da esquerda grega, em 2013; o espancamento brutal de pescadores egípcios em 2012; e vários ataques a militantes de esquerda, em 2012, tudo perpetrado por membros do Aurora Dourada. A grande questão para a justiça era se o partido coordenou os ataques, operando como uma organização criminosa. E a resposta foi sim.

Entre os 68 arguidos encontravam-se 18 deputados, sete dos quais foram condenados por liderar um grupo criminoso, incluindo o líder do partido, Nikos Michaloliakos, enfrentando penas de entre cinco a 15 anos de prisão. Cinco arguidos foram condenados por tentativa de homicídio dos pescadores egípcios, outros quatro por tentativa de homicídio de militantes de esquerda. Giorgos Roupakias foi condenado pelo homicídio de Fyssas e quinze arguidos como seus cúmplices.

“A decisão demonstra que eles eram simplesmente um bando de bandidos armados com facas que recebiam as suas ordens do topo”, disse aos jornalistas Thanassis Kambayiannis, advogado dos pescadores egípcios.

A notícia foi recebida em júbilo por uma maré de mais de 15 mil manifestantes antifascistas, reunida em Atenas, à porta do tribunal, cercados por cerca de dois mil polícias, drones e um helicóptero. Irromperam em gritos de “Fyssas vive, esmaguem os nazis”, segundo o jornal grego Ekathimerini.

Rapidamente eclodiram confrontos com as autoridades, tendo um grupo de pessoas atirado pedras e cocktails molotov à polícia. Esta disparou gás lacrimogéneo e canhões de água contra a multidão.

Já a mãe do rapper assassinado, Magda, que praticamente não perdeu uma audiência nos últimos cinco anos, chorou e gritou: “O Pavlos conseguiu. O meu filho!”.

“Ela estava lá todos os dias. Mesmo quando os nazis gozavam com ela e diziam: ‘Onde está o teu filho agora?’”, contou Dora Oikonomidou, uma ativista antifascista, à NPR.

Julgamento histórico “Isto é uma vitória porque significa que a Aurora Dourada já não tem mais o direito de existir como organização”, salientou Oikonomidou, que lutou contra ditadura militar que governou a Grécia entre 1967 e 1974. “Este é o primeiro julgamento significativo de um partido neonazi na Europa após a II Guerra Mundial”.

Criado nos anos 1980 por Michaloliakos, um antigo comando grego e admirador confesso de Adolf Hitler, a Aurora Dourada nunca escondeu a xenofobia e a negação do holocausto. Manteve-se nas franjas da política grega até conseguir cavalgar a fúria com a brutal crise económica de 2012, conquistando 18 deputados.