Na Churrasqueira do Bairro, no Bairro Amarelo em Almada, o dia começa movimentado, com gente nova a beber café e a fumar com os amigos, e com as rotinas dos mais velhos, os reformados do bairro, que vão ocupando as esplanadas durante horas para conversar. Ultimamente, o assunto do dia têm sido as declarações da presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, que admitiu, em reunião de câmara, não se importar de viver no Bairro Amarelo, este bairro social no Monte da Caparica, por ter uma “vista invejável”. A resposta dos moradores é sempre a mesma, em jeito de convite: “Ela que venha morar para aqui com estas condições!”. E se a presidente da câmara se mudasse para o Bairro amanhã, como seria acolhida pelos vizinhos e que condições podia esperar em casa e nas ruas?
Entramos no bairro à procura de resposta. “Olhe, aqui as pessoas são pacatas, são pessoas de bairro, mas a senhora tem de ter alguns cuidados porque podem meter-se consigo…Se lhe chamarem ‘curta’ ou ‘comprida’, a senhora tem de se calar porque se não leva uma facada ou um tiro. Já aconteceu comigo…chamaram-me todos os nomes possíveis, mas ignorei. Nem disse ao meu marido nem filhos se não eles matavam-nos e havia uma desgraça na minha família. Preferi calar-me até hoje”, diz Camélia Vilar, moradora. Esta seria a apresentação do bairro que faria à autarca, caso fossem vizinhas. “Vivo com medo de viver aqui, mas tenho de viver. Vêm pessoas de todo o lado e a gente não conhece…tenho medo que nos façam mal”, acrescentou.
Leia o artigo completo na edição impressa do jornal i. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.