Anulada diretiva com recomendações de linguagem às Forças Armadas por despacho do ministro

Anulada diretiva com recomendações de linguagem às Forças Armadas por despacho do ministro


Governante considera que documento “não evidencia um estado de maturação adequado” e carece de “aprovação superior”.


O ministro da Defesa anulou, através de despacho emitido esta sexta-feira, a "diretiva sobre a utilização de linguagem não discriminatória" nas Forças Armadas, justificando que se trata de um "documento de trabalho" que "carece de aprovaçãosuperior".

“Tomei conhecimento do envio pela secretaria-geral dos ofícios (…) com o título ‘diretiva sobre a utilização de linguagem não discriminatória, dirigido ao EMGFA, aos ramos e aos serviços centrais do ministério (…). por carecer de aprovação superior, e por se tratar de um documento de trabalho que não evidencia um estado de maturação adequado devem considerar-se anulados os referidos ofícios”, lê-se no documento a que o SOL teve acesso. O despacho tem data de hoje, assinado por João Gomes Cravinho e dirigido ao chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), aos três ramos militares, e a todos os órgãos e organismos da Defesa Nacional.

Recorde-se que a diretiva em causa, elaborada pela secretaria-geral do Ministério da Defesa, dispunha que as Forças Armadas deviam ser inclusivas e neutras ao mencionar alguém ou algo.

O objetivo era usar uma terminologia que tratasse mulheres e homens de igual modo, fosse em documentos escritos ou na comunicação verbal. A diretiva incluía ainda exemplos de expressões que não deveriam ser usadas, como por exemplo: "Deixa-te de mariquices" e "pareces uma menina, porta-te como um homem".

Confrontado com o conteúdo da diretiva, na quarta-feira, o ministro relativizou o tema e afirmou que não ia “passar muito tempo a pensar na matéria”.

“O que é verdadeiramente importante é o trabalho que está a ser feito na promoção da igualdade de género dentro das Forças Armadas. Depois se se deve dizer 'nascido em' ou 'data de nascimento', isso é absolutamente menor, não tem relevância nenhuma e, do meu lado, confesso que não pretendo passar muito tempo a pensar nessa matéria”, disse, em declarações à agência Lusa.