Filipinas. O maior confinamento do mundo pode não ser o mais eficaz

Filipinas. O maior confinamento do mundo pode não ser o mais eficaz


Manila vai continuar isolada do resto do mundo por mais um mês. Especialistas afirmam que este pode não ser o melhor método.


O confinamento mais longo do mundo tornou-se ainda mais longo. O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, acaba de decretar que a capital do país, Manila, irá ficar mais um mês em confinamento, até 31 de outubro.

A cidade, com quase 14 milhões de habitantes, onde se concentra a maioria dos casos nas Filipinas, já está em confinamento há pelo menos sete meses e meio.

A capital foi fechada por terra, mar e ar a 15 de março e assim permanecerá. Enquanto o confinamento estiver decretado, também será proibido viajar para Manila, exceto em caso de emergência.

Esta notícia chega poucos dias depois de Duterte ter anunciado a prorrogação por um ano do estado de calamidade no país. Segundo a Associated Press, esta decisão irá permitir ao Governo aceder a fundos de emergência mais rapidamente e recorrer à polícia e ao exército para manter a ordem.

Guerra contra o vírus As Filipinas são o país com o número mais elevado de infeções no Sudeste asiático e, segundo especialistas, para além de problemas como a sobrepopulação, sistemas de saúde precários ou Estados fracos e sem infraestrutura adequada, a grande razão para este surto deve-se à ineficácia do Governo.

Ainda antes de imaginar a pandemia como um cenário possível, o Presidente filipino designou para posições-chave do Governo generais reformados. O atual chefe do grupo de trabalho contra o novo coronavírus e assessor para a paz do Presidente é Carlito Galvez, ex-chefe das Forças Armadas.

Os ministros da Defesa e do Interior, Delfin Lorenzana e Eduardo Año, são generais que se encontravam reformados e que outrora ocuparam postos de bastante importância no exército.

Analistas consultados pela Efe afirmam que os militares conceberam a pandemia como “uma insurgência a esmagar” em vez de uma crise de saúde que exige soluções de longo prazo, tomando medidas restritivas de confinamento com grande presença de militares nas ruas para garantir o seu cumprimento. “As restrições não contiveram a pandemia devido à falta de respostas médicas eficientes, como testes massivos, rastreamento de contacto e isolamento correto de casos positivos “, disse a professora de Ciência Política da Universidade das Filipinas Maria Ela Atienza.

“Duterte é um Presidente da paz e da ordem e tem mostrado que não tem respostas para a crise atual, além da sua cruzada usual contra os críticos e contando com membros de seu gabinete, que são generais aposentados”, esclareceu a docente.

Manila, bem como quase todo o país, esteve em estrito confinamento durante três meses consecutivos, durante os quais a capital se tornou uma cidade-fantasma, sem trânsito e com todos os estabelecimentos fechados.

Até ao momento, as Filipinas apresentam 309 303 casos de infeção e 5448 mortes desde o início da pandemia.