Ana Gomes não merece ser “vilipendiada” pelo PS, diz Pedro Nuno Santos

Ana Gomes não merece ser “vilipendiada” pelo PS, diz Pedro Nuno Santos


“As pessoas não servem para fazer umas coisas de vez em quando, para serem eurodeputadas, candidatas à Câmara Municipal [de Sintra], membros do Secretariado Nacional e depois, de um momento para o outro, passarem a ser vilipendiadas porque não nos dá jeito”, defendeu.


O ministro das Infraestruturas sublinhou, esta quarta-feira, que cabe aos órgãos do PS e não ao Governo decidir quem os socialistas apoiarão nas presidenciais de janeiro.

Pedro Nuno Santos referia-se assim à candidata a Belém Ana Gomes, que tem sido criticada – por vezes de forma velada – por vários membros do PS, partido ao qual pertenceu e representou em vários cargos, nomeadamente no Parlamento Europeu.

Em resposta a tais críticas públicas, o ministro, que disse preferir votar num nome indicado pelo Bloco de Esquerdo ou pelo PCP do que em Marcelo Rebelo de Sousa, veio defender a ex-eurodeputada lembrando que sempre foi útil ao partido e que não merece ser "vilipendiada" pelos dirigentes.

"Quem decide quem o PS apoia são os órgãos do partido, ponto. Não é o Governo, não é nenhum membro do Governo, é mesmo o PS que decide quem apoia ou deixa de apoiar", disse Pedro Nuno Santos, em declarações à RTP.

"As pessoas não servem para fazer umas coisas de vez em quando, para serem eurodeputadas, candidatas à Câmara Municipal [de Sintra], membros do Secretariado Nacional e depois, de um momento para o outro, passarem a ser vilipendiadas porque não nos dá jeito", defendeu.

Estas declarações do ministro Infraestruturas surgem pouco tempo depois das afirmações do seu colega de Governo Augusto Santos Silva ter dito, à TVI24, que Ana Gomes era uma boa candidata à Presidência, mas não para se apoiada pelo PS. Não se devem "combater extremismos com outros extremismos", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, não referindo, no entanto, André Ventura, adversário da ex-eurodeputada na corrida a Belém.

Pedro Nuno Santos adiantou ainda que irá divulgar o seu sentido de voto "no momento em que o partido se reunir para discutir" as presidenciais, o que deverá acontecer durante o mês de outubro.

E fez questão de deixar um ‘lembrete’: "não apoiar o presidente da República em exercício não significa desconsideração, desrespeito ou deslealdade".

"Vivemos numa democracia madura e era só o que faltava que os políticos ficassem chateados uns com os outros porque não tiveram o apoio deste ou daquele. A democracia é mesmo assim", acrescentou.

Sublinhe-se que Pedro Nuno Santos encabeça o coro de críticas à aparente vontade da direção do PS em não apoiar formalmente qualquer candidato às presidenciais. Aliás, chegou a dizer, numa entrevista à RTP, que mais facilmente votaria num candidato dos bloquistas ou dos comunistas do que no atual Presidente.