“O Governo e os supervisores têm grandes responsabilidades na situação atual do grupo Montepio de assumir as suas responsabilidades e têm, por isso, de contribuir para que se encontre uma solução para resolver os graves problemas que enfrenta atualmente o Montepio”. O alerta é dado por Eugénio Rosa, que diz que são “os trabalhadores a suportar as consequências de uma situação que resulta, também aqui, de uma falha grave de supervisão efetiva e da falta de intervenção atempada do Governo para fazer cumprir a lei”.
De acordo com o economista, a ideia de fusão entre a instituição financeira liderada por Pedro Leitão e o BCP “teria consequências dramáticas quer para os associados – que perderiam uma parte importante das suas poupanças, pois o BCP compraria em saldo o banco e a diferença teria de ser suportada pelos associados –, quer para os trabalhadores, que na sua maioria seriam despedidos por desnecessários, quer para o Montepio, que ficaria sem o seu principal instrumento de intervenção”.
Plano de reestruturação Em relação à possibilidade de o banco vir a dispensar entre 600 e 900 trabalhadores e fechar 77 balcões, o economista garante que “os trabalhadores não poderão ser aqueles que têm de pagar os erros, incompetências e incapacidades das administrações”.
E vai mais longe: “Perante a incapacidade que a atual administração tem revelado para aumentar o negócio bancário, até porque praticamente toda ela não tem experiência de banca comercial como é o Banco Montepio – mais uma herança de Tomás Correia a que o Banco de Portugal não teve a coragem de se opor –, pensa que pela via da redução dos custos, ou seja, diminuindo drasticamente o número de trabalhadores e de agências, conseguirá recuperar o banco, já que é incapaz de aumentar o negócio bancário através de uma gestão capaz e eficiente”. E acrescenta: “É um caminho ilusório que pretendem seguir, que só pode levar a transformação do Banco Montepio numa ‘caixinha económica’ que rapidamente seria engolida por um grande banco – o BCP já se disponibilizou para isso –, a preço de saldo, com consequências graves para as poupanças dos associados, cujos capitais depositados na associação mutualista sofreriam grandes cortes, e para muitos trabalhadores do Banco Montepio, que seriam certamente despedidos por redundantes”.
Para Eugénio Rosa, “é urgente que os associados exijam e participem numa mudança no Montepio se o querem salvar e defender também as suas poupanças. São urgentes eleições para renovar o conselho de administração e os órgãos sociais da associação mutualista, para obter o apoio e a confiança dos associados e estabelecer rapidamente um diálogo construtivo com o Governo, que o atual conselho de administração da associação Montepio é incapaz de fazer”.
E apela a que os supervisores – Governo, ASF e Banco de Portugal – não adiem decisões, uma vez que entende que já “estão suficientemente alertados e não venham depois dizer que não sabiam. E não se deixem enganar por todos aqueles que dizem que tudo está bem e que o Montepio não necessita do apoio do Governo e de um acionista da mesma área social para o recapitalizar, porque quanto mais tempo passar, mais difícil e cara será a solução”.