Perseguição policial. Jovem morre e PJ monta caça ao homem

Perseguição policial. Jovem morre e PJ monta caça ao homem


Jovem de 23 anos morreu depois de ter sido baleada durante perseguição policial. O suspeito que estava com a jovem atirou-a do carro, junto ao hospital, e fugiu. Polícia Judiciária procura agora o homem de 29 anos.


O caso de uma jovem baleada na madrugada de quinta-feira, durante uma perseguição policial em São João da Madeira, está a ser investigado pela Polícia Judiciária. A jovem acabou por morrer no hospital. Tinha dois ferimentos de bala – um no peito e outro que terá sido apenas de ‘raspão’ – e foi atirada do carro em plena perseguição supostamente pelo parceiro, junto à porta do hospital.

São poucos os contornos conhecidos do que se terá passado. A bala que provocou a morte da jovem terá sido disparada durante a perseguição e pensa-se que terá sido a polícia a desferir os tiros mortais, uma vez que momentos antes, agentes da PSP perseguiam esse mesmo carro e terão disparado. Desde 2017 que não havia registo de uma morte em contexto de perseguição policial.

Tudo começou na Avenida do Vale, em São João da Madeira, onde têm sido frequentes os assaltos a viaturas estacionadas. Já com essa indicação, os agentes da PSP estavam na madrugada de quinta-feira nessa rua, à paisana, quando viram um carro a circular com as luzes desligadas. Segundo fonte da PSP, o barulho de um vidro a partir deu o alerta aos agentes que, de imediato, se dirigiram aos suspeitos. “Polícia, polícia, pare”, gritaram. Os suspeitos não pararam e os agentes dispararam. Na viatura seguiam duas pessoas, um homem de 29 anos e a jovem de 23 anos que acabou por morrer já no hospital. A jovem não tinha antecedentes criminais, ao contrário do suspeito que seguia no carro e a deixou no hospital – o homem estava a cumprir pena de prisão pelos crimes de tráfico de droga e furto, tendo sido libertado no âmbito das medidas de contenção da covid-19, que admitem saídas administrativas extraordinárias de reclusos e antecipação excecional da liberdade condicional, bem como o perdão parcial de penas até dois anos.

Os dois suspeitos conseguiram fugir do local e, depois de ter sido confirmada a morte da jovem, a PSP esclareceu em comunicado que “ao local deslocaram-se dois inspetores da Inspeção da PSP, para procederem a uma análise e avaliação iniciais”. Tendo havido uma morte, o caso passou para a Polícia Judiciária e também a Inspeção Geral da Administração Interna tomou conhecimento da situação. Neste momento, a Polícia Judiciária procura o outro ocupante da viatura. Ainda segundo fonte da PSP, os agentes da PSP envolvidos no incidente continuam em funções.

 

Cronologia de acontecimentos passados

O último caso conhecido de uma morte numa perseguição policial aconteceu em 2017, em Lisboa. Em plena Segunda Circular, seis agentes da PSP perseguiam um carro, de marca Seat Leon, que estaria a ser utilizado por um gangue. O grupo que os agentes perseguiam tinha acabado de assaltar um multibanco em Almada e estava em fuga. Em novembro de 2017, Ivanice da Costa, de 36 anos, apanhou boleia com o namorado, num carro com características idênticas ao do grupo que a PSP perseguia e morreu acidentalmente na Segunda Circular. Na altura, a PSP explicou que a viatura em que seguia a mulher terá desobedecido às ordens dos agentes para parar, tendo mesmo tentado atropelar a mulher. A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) abriu um inquérito que veio a concluir mais tarde que os agentes terão disparado em legítima defesa, tendo em conta que o carro não parou e houve tentativa de atropelar um dos agente. O caso acabou por ser arquivado pelo Ministério Público em março deste ano. Os arguidos foram ilibados.

No mesmo ano, em 2017, um assaltante foi baleado na cabeça pela PSP, também durante uma perseguição, depois de ter sido apanhado a roubar uma carrinha de transporte de valores. O homem terá acabado por morrer no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa. Já em 2016 foram registadas, pelo menos, quatro mortes em contexto de perseguição policial. Um dos casos refere-se à morte de um jovem de 16 anos, no Porto, que pertencia a um grupo que tinha acabado de assaltar um estabelecimento em Gondomar. O grupo estava numa viatura roubada quando foi abordado pelos agentes.