As brigadas distritais de intervenção em lares vão recorrer a empresas de prestações de serviços médicos quando for necessária a intervenção clínica. A indicação foi dada esta sexta-feira pelo presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, à Renascença. No passado fim de semana, o responsável pelas brigadas, que estão a ser constituidas pela Cruz Vermelha no âmbito de um protocolo com Instituto de Segurança Social, indicou que ainda não tinha sido contratado nenhum dos 20 médicos necessários para compor as 18 equipas, uma por distrito.
Durante a semana, o i procurou saber junto do Instituto de Segurança Social em que ponto estão as equipas e se sempre avançam até ao final do mês, como anunciou o Governo, não tendo sido disponibilizada qualquer informação sobre quantos profissionais foram contratados e quantos falta contratar. "As brigadas de intervenção rápida estão a ser constituídas e em processo de recrutamento pela Cruz Vermelha, de forma a estarem operacionais no fim de setembro. Essas brigadas serão compostas por pessoal ajudante de ação direta, auxiliares de serviços gerais, enfermeiros, psicólogos e médicos, prevendo-se que tenham cerca de 400 profissionais", informou o Instituto de Segurança Social. "O objetivo das brigadas é o de constituir uma resposta de emergência que garanta capacidade de intervenção nas situações graves em que as instituições não conseguem assegurar as suas obrigações quanto a recursos humanos, e durante o estrito espaço de tempo necessário para que o equipamento social se reorganize e consiga assegurar o seu regular funcionamento."
Francisco George revela agora que afinal as equipas não vão ter médicos em permanência, tendo explicado que não há médicos disponíveis para ficar à espera de uma chamada sem outra ocupação. Recorrendo a empresas de serviços, os chamados médicos tarefeiros, poderão acorrer aos locais indicados quando se verificar um surto. Já para outras áreas como enfermagem existe uma bolsa de profissionais disponíveis, revelou, sem especificar ao certo quantos profissionais estão contratados. A garantia é que as brigadas entrarão em operação "muito em breve".
Em relação aos testes rápidos, que a Cruz Vermelha se mostrou disponível para oferecer ao Estado e utilizar nomeadamente em surtos nos lares e escolas, Francisco George sublinhou que não existe qualquer divergência com o Ministério da Saúde e DGS, estando a decorrer a avaliação pelos peritos.
O responsável e antigo diretor-geral da Saúde garante que logo que haja uma decisão, que era esperada esta sexta-feira, os testes podem estar disponíveis no dia seguinte. Francisco George explicou que a oferta ao Estado resultou da possibilidade de financiamento por parte da Federação Internacional da Cruz Vermelha, para o qual Portugal foi selecionado, e que conta com 6,8 milhões de euros para a aquisição de dispositivos médicos até ao final do ano. "É preciso perceber como as coisas funcionam. Não é dizer 'Graça Freitas, tens aqui estes dispositivos, podem ser utilizados, não há encargos para o SNS, diz como é'. Não é assim que as coisas funcionam. Desde o primeiro momento em que houve a certeza do financiamento que permite adquirir estes testes muito eficazes, que resultam de trabalhos científicos de duas das maiores farmacêuticas do mundo, a Roche e a Abott, o que dissemos à ministra da Saúde e serviços que dependem dela, Instituto Ricardo Jorge, Infarmed e DGS, foi ''há esta possibilidade, vamos lá reunir em conjunto e ver que normas terão de ser atualizadas e como poderão ser usados estes testes para interromper cadeias de transmissão", que é uma ferramenta preciosa para permitir rapidamente junto do próprio suspeito e contactos decidir o que fazer".
Esta sexta-feira acabou por não ser anunciada qualquer decisão. Na conferência de imprensa, Raquel Guiomar, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, explicou que depois de uma primeira geração de testes rápidos ter sido descartada em março por não apresentar resultados robustos, a nova geração de testes, feitos na mesma com zaragatoas – como é o caso dos testes garantidos pela Cruz Vermelha – está em avaliação, apontando para a sua futura utilização em casos de pessoas sintomáticas, com sintomas há menos de sete dias. O enquadramento para a utilização dos testes está ainda dependente de uma atualização das normas da DGS.