João Ferreira lançou ontem a candidatura à presidência da República, na Voz do Operário, em Lisboa, com um apelo à “luta pela mudança” e críticas a Marcelo Rebelo de Sousa. O candidato apoiado pelo PCP assumiu como objetivo central “defender, aprofundar e ampliar o regime democrático consagrado na Constituição”.
João Ferreira dirigiu-se a todos os eleitores, “independentemente das escolhas eleitorais que fizeram no passado”. Num discurso com cerca de 20 minutos, o candidato comunista defendeu que “o atual Presidente da República está empenhado numa rearrumação de forças políticas, assente no branqueamento da política de direita e dos seus executores, promovendo a sua reabilitação, na forma da chamada política de ‘bloco central’, formal ou informalmente assumida, que marcou o país nas últimas décadas”.
João Ferreira considerou que “não há diversões mediáticas que iludam as escolhas feitas” por Marcelo Rebelo de Sousa. “Um Presidente da República verdadeiramente comprometido com o juramento que faz – de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição – não pode deixar, no âmbito das suas competências e responsabilidades, de mobilizar o povo português na construção de um outro caminho de desenvolvimento”, disse. João Ferreira garantiu ainda que a sua candidatura assume que “há um outro rumo e uma outra política capazes de responder aos problemas do país”.
Verdadeiros socialistas
Ana Gomes acredita que “os verdadeiros socialistas” não vão apoiar a recandidatura de Marcelo rebelo de Sousa. Na primeira entrevista depois de anunciar a candidatura, na RTP, a ex-dirigente do partido garantiu que tem recebido “inúmeras mensagens” de militantes socialistas a declarem apoio à sua candidatura. “É o momento para os socialistas se mobilizarem. Podem ter uma alternativa”, acrescentou.
A entrevista ficou também marcada pelas críticas a Marcelo Rebelo de Sousa. A socialista considera que o Presidente da República está ausente do debate sobre as prioridades do país e, muitas vezes, é “mais um comentador” que aborda os assuntos da atualidade de uma forma superficial. “Vemos o Presidente a comentar todos os dias tudo e mais alguma coisa”.
O PS deverá tomar uma posição sobre as presidenciais em outubro. O secretário-geral-adjunto do partido diz que os socialistas estão concentrados na resposta à crise económica e social provocada pela pandemia. José Luís Carneiro, numa entrevista publicada pelo partido, não comentou a candidatura de Ana Gomes, mas elogiou a cooperação que existiu entre o Presidente da República e o Governo nos últimos anos. “A boa cooperação institucional que houve com o Presidente da República, tanto no plano da política interna como da política externa, foi essencial para virar a página da austeridade e para garantir a estabilidade do sistema político português”, disse.