Maria Kolesnikova, uma das líderes da oposição na Bielorrússia, terá sido levada numa carrinha por homens mascarados, em Minsk.
“Na manhã do dia 7 de setembro, próximo do Museu Nacional de Arte, desconhecidos colocaram Kolesnikova numa carrinha na qual estava escrita a palavra ‘Sviaz’ (Comunicações) e levaram-na para um local desconhecido”, revelaram testemunhas da situação ao site bielorrusso Tut.by.
Kolesnikova não foi o único elemento da oposição a desaparecer. “Não conseguimos comunicar com Anton Rodnenkov nem com Ivan Kravtsov. Não sabemos onde estão nem o que lhes aconteceu”, disse o membro do Conselho de Coordenação Pavel Latushko à agência de notícias russa Interfax, faltando ainda referir Maxim Bogretsov e a equipa de imprensa de Kolesnikova.
“A única coisa que podemos supor é que as autoridades farão tudo o que puderem para impedir o trabalho do Conselho”, adiantou, apesar de a polícia de Minsk ter negado que as detenções tenham sido feitas por agentes seus.
Maria Kolesnikova, música de profissão, é membro do Conselho de Coordenação para a transferência pacífica do poder na Bielorrússia e, juntamente com Veronika Tsepkalo, uniu-se a Svetlana Tikhanovskaya, líder da oposição, para enfrentar nas eleições Alexander Lukashenko, Presidente da Bielorrússia desde 1994.
Lukashenko venceu as eleições com 80% dos votos e Tikhanovskaya e Tsepkalo exilaram-se longe da Bielorrússia.
“Conheço muito bem os últimos 26 anos da história da Bielorrússia. Foi uma escolha e um risco que assumi com todas as consequências. Mas o futuro da Bielorrússia merece que se lute e que se sacrifiquem algumas comodidades. Não me arrependo”, disse Kolesnikova numa entrevista à agência espanhola Efe, sublinhando que não tinha medo de ser presa.
A União Europeia já reagiu a este caso e o seu chefe da diplomacia classificou como “inaceitáveis” os “raptos por motivos políticos” de opositores na Bielorrússia, exigindo que as autoridades respeitem as leis nacionais e internacionais.
“As detenções arbitrárias e raptos por motivos políticos na Bielorrússia, incluindo as ações brutais desta manhã contra Andrei Yahorau, Irina Sukhiy e Maria Kolesnikova, são inaceitáveis”, escreveu o alto representante da UE para a política externa, Josep Borrell, no Twitter.