por Mariana Madrinha e Marta F. Reis
Uma das maiores cascatas do sul da Europa, um parque onde os veados vão bramir este mês, um bunker secreto ou o local onde os bichos-da-seda eram acarinhados pelos habitantes: venha daí para mais um roteiro pouco usual.
Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar.
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata sanjoanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina
por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.
Esse teu ar grave e sério
dum rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria.
Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento…
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa.
Carlos Tê, 1986
Um bunker secreto
Uma estação sísmica americana, construída em 1962 e inserida na estratégia de espionagem durante a Guerra Fria, é um dos segredos a descobrir na serra do Pilar, em Gaia. As instalações, usadas para controlar testes nucleares da União Soviética, fazem parte do Instituto Geofísico da Universidade do Porto, que costuma organizar visitas ao local, e há novos planos para a dinamização do espaço em parceria com o Porto Bridge Climb, que organiza subidas ao arco da Ponte da Arrábida. Vista e adrenalina garantidas.
Montesinho, um parque especial
Subimos até não mais poder, até à fronteira com a Galiza, onde encontramos o Parque Natural de Montesinho. “Este é um parque muito especial que, apesar de ser habitado e da forte presença humana, acolhe importantes comunidades animais representativas da fauna ibérica e europeia, assim como uma vegetação natural de grande importância a nível nacional e mundial”, diz o centro Ciência Viva. Aqui “vamos encontrar 70% das espécies de mamíferos do nosso país, 10% das quais estão listadas no Livro Vermelho dos Vertebrados Portugueses ameaçados. Quanto a répteis e anfíbios, 50% das espécies exclusivas de Portugal podem ser encontradas no parque. E 10% da população portuguesa de águia-real também vive por aqui (infelizmente, corresponde apenas a três ou quatro casais)”. Aqui também podemos encontrar a maior mancha do mundo de carvalho-negral, que coabita pacificamente com típicas paisagens de lameiros transmontanos – pastagens de montanha mantidas pelos homens para a produção de feno e o pastoreio de gado bovino.
Saiba mais em circuitoscienciaviva.pt
Leia o artigo completo na edição impressa do jornal i. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.