A vida dura muito pouco, mas José Pinhal é imortal

A vida dura muito pouco, mas José Pinhal é imortal


A vida de José Pinhal era um total mistério, mas Dinis Leal Machado encarou isso como um desafio. Ao i, o autor do documentário A Vida Dura Muito Pouco, que estreou no Indie Lisboa, explica quem foi este músico.


Muitas vidas mudaram quando as cassetes de José Pinhal foram encontradas no caixote de lixo do antigo apartamento do agente musical Cipriano Costa.

O autor da descoberta foi Paulo Cunha Martins, que tratou de digitalizar as músicas deste desconhecido intérprete para partilhar com amigos e para passar em festas.

Começou por surgir como um burburinho, que cresceu com um grupo de fãs de Facebook e explodiu quando Joaquim Gomes partilhou as suas músicas no YouTube.

Era impossível ficar indiferente a músicas como ‘Ciganos’, ‘Covarde’ ou ‘Tu És A Que Eu Quero’ (mais conhecida como ‘Tu Não Prendas o Cabelo’). Esta última serviria como porta de entrada para Dinis Leal Machado, realizador de A Vida Dura Muito Pouco, curta metragem documental sobre a vida do músico, que estreou no último sábado no festival de cinema Indie Lisboa.

“A primeira pessoa que me mostrou José Pinhal foi o Rui Fonseca [baterista dos 800 Gondomar]”, revela o realizador. “Ele espalhou a música do José Pinhal pela nossa turma e acabou por se tornar quase num hino da nossa equipa de produção de filmes. Na brincadeira dizíamos que íamos fazer um filme sobre ele, o que acabou por acontecer”.

Depois de acabar a licenciatura, Dinis conheceu o produtor Diogo V. Machado, também fã do artista, e embarcaram na “aventura de descobrir quem era o José Pinhal”.

Perna falsa, emoções verdadeiras Natural de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, no Porto, José Pinhal trabalhou do final dos anos 1970 até inícios dos anos 1990. A primeira vez que se apresentou a solo (antes, apresentava-se como Zé Nando) foi em 1978, quando participou e venceu no primeiro festival da Canção do Norte com a música ‘Infância’.

Tocava em boates, romarias, casas de alterne, essencialmente no Norte do país, onde atuou em espaços como o Coliseu do Porto ou o Palácio de Cristal (podemos ver imagens deste momento no filme), e foi nesta zona do país que criou o seu legado.

“Conheci-o quando morava para os lados de Leça. Era um bom amigo”, recorda o cantor António Marante, no seu inconfundível sotaque do Porto.

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