Jane Barnell gostava de se apresentar como Olga. Com variantes: Madame Olga, Lady Olga, Princesa Olga. De princesa não tinha nada, infelizmente para ela. Nem de aspeto. Nasceu na Carolina do Norte, em Wilmington, em janeiro de 1871, filha de um imigrante judeu russo chamado GeorgeBarnell, que se dedicava profissionalmente à construção de carroças. A mãe era uma figura misteriosa e Jane manteve, pela vida fora, uma aura de fantasia em seu redor. No seu registo de nascimento aparece comoNancy Shaw, e tudo leva a crer que tivesse origens irlandesas.
Com apenas dois anos de idade, Jane já apresentava muitos pelos na cara. A mãe levou-a a um especialista em vudu na tentativa de perceber se a criança estava, de alguma forma, amaldiçoada por espíritos malignos. Não saiu de lá com respostas conclusivas. Com mais dois rapazes e duas raparigas para sustentar, George e Nancy tomaram uma decisão drástica: venderam Jane àproprietária doGreatOrientFamily Circus. Não estavam dispostos a ter em casa aquele mostrengo que os assustava sobremaneira, a ponto de acreditarem que era filha do próprio demo.
A miúda tinha apenas quatro anos quando partiu em direção a Baltimore com o resto da companhia. O circo era mal-amanhado. Gerido por uma muçulmana, que fazia questão de se vestir como tal para despertar a curiosidade, apresentava como estrelas as suas duas filhas bailarinas e os seus dois filhos ginastas, que faziam uns truques com cordas, subindo, descendo ou rodando em volta do palco. Nada de muito entusiasmante, como se vê. Apesar de tudo, conseguiu contratos para várias cidades do sul dos Estados Unidos, para Nova Orleães e até, imagine-se!, para uma excursão na Europa, onde se juntou a um circo alemão para uma longa jornada. Jane também atravessou o Atlântico, sem saber no que se transformaria a sua vida.
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