Nas últimas eleições regionais dos Açores, que o PS voltou a vencer sem surpresa, os números da abstenção deixaram um lastro de grande preocupação. E não era para menos: 59,2 por cento dos eleitores inscritos não votaram. E agora, com a pandemia da covid-19? Como vai ser a campanha e o dia das eleições marcadas para 25 de outubro?
Nenhuma força política será indiferente a estes dois dados: a covid-19 e o histórico de abstenção. A Comissão Nacional de Eleições (CNE) já assumiu que as regras serão apertadas, com máscaras nas assembleias de voto, viseiras, álcool gel, regras de distanciamento e evitar partilhar canetas.
O objetivo destas medidas é demonstrar que “votar é seguro”, como afirmou no passado dia 17 de agosto o porta-voz da CNE, João Tiago Machado, em declarações aos jornalistas. “Não podemos desculpar-nos com o risco da pandemia e isso justificar um aumento da abstenção”, acrescentou, na altura, o mesmo responsável da CNE.
Mas os desafios são vários, a começar pela forma de se fazer campanha, longe do modelo mais tradicional – e que pode servir de exemplo para as próximas eleições: as presidenciais de 2021.
Mota Amaral, que foi presidente do Governo Regional, (1976-1995) pelo PSD, reconhece as dificuldades deste ato eleitoral. Combater a abstenção será um desafio e representa um problema: “Ser é, mas espero que os candidatos apresentem propostas suficientemente mobilizadoras para que os eleitores se desloquem às urnas para votar no dia das eleições”, começa por declarar ao i. Mas deixa um aviso que serve a todas forças políticas: “Precisamos de umas eleições com uma boa mobilização popular a fim de clarificar da qual a vontade do povo para se constituir os órgãos de governo próprio da Região Autónoma”. Agora, “tudo depende da capacidade dos intervenientes nas campanhas eleitorais e da própria substância das propostas”, advoga Mota Amaral, colocando o desafio nas mãos de quem se candidata.
O i tentou perceber como serão as campanhas dos dois maiores partidos no arquipélago: o PS e o PSD. E são muitas as adaptações em curso.
Francisco César, coordenador da campanha eleitoral do PS/Açores, há 24 anos no poder, reconhece que há um duplo desafio nestas eleições. É o de passar “duas mensagens: é seguro a participação eleitoral e a segunda é a mensagem do próprio partido em termos de programa e portanto de mensagem política”, afiança ao i.
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