Scolari. “Em 2016 vivi  a vitória de Portugal como se fizesse parte daquele grupo”

Scolari. “Em 2016 vivi a vitória de Portugal como se fizesse parte daquele grupo”


O homem que levou Portugal à sua primeira final do campeonato da Europa não esquece nunca a sua segunda pátria.


De 2003 a 2008, Luiz Felipe Scolari foi o selecionador de Portugal. O homem que conduziu um grupo unido como nunca até ao jogo decisivo do Euro-2004, apesar da inicial descrença dos portugueses. Foi ele que uniu esse grupo que metia jogadores e técnicos, médicos e fisioterapeutas, dirigente e roupeiros. Tanta gente e um só sonho. Que não se cumpriu…

Viveu dois campeonatos da Europa como selecionador de Portugal. Consegue explicar as diferenças entre um e outro?

 

O Europeu que se desenrolou em Portugal teve a vantagem de trabalharmos em casa, envolvidos pela motivação de toda a população juntamente com a nossa motivação pessoal. Toda uma série de situações proporcionou que tivéssemos melhores resultados e permitiu-nos chegar à final. Em 2008 jogámos fora, não tivemos o apoio que os portugueses nos deram em 2004. Considero que também fizemos uma boa prova. Mas em 2004, o público fez a grande diferença.

Quando chegou em 2003, o ambiente não estava fácil – foi preciso um trabalho complicado. Que custou mais?

Quando cheguei as coisas estavam difíceis, sim. Em 2002, a seleção portuguesa tinha sofrido um revés muito difícil de suportar no Mundial da Coreia/Japão. O clima que existia entre jogadores, direção, era complicado. Havia uma série de coisas que não tinham sido cumpridas, existiam reclamações de ambos os lados. Felizmente, o nosso trabalho deu resultado, o ambiente melhorou e com essa união conseguimos chegar à final do Europeu.

Sente que contribuiu para toda a festa que se viveu em Portugal em 2004?

Claro que sinto que contribui de alguma forma para o ambiente que se criou em Portugal no redor da seleção. Senti-me em casa, era mais um num grupo excelente. Queria muito que Portugal mostrasse o seu valor dentro de campo, agradecendo dessa forma todo o carinho que senti à minha volta. Contribui, sim, mas foi o povo português que criou todo aquele ambiente maravilhoso.

Ainda dói aquela final perdida para a Grécia?

Dói e bastante, essa derrota final. Nunca a esqueceremos porque acreditávamos que a vitória seria o coroar de todo o trabalho que fora feito. Aquela derrota deixou-nos uma sensação de que não fomos completos. Mas lutámos, pusemos todo o nosso esforço em campo. Não ganhámos. É assim o futebol.

Ao fim de 16 anos arranja uma explicação para o que sucedeu?

Se tenho uma explicação para aquela derrota? Não. A minha resposta continua a ser sempre a mesma: a Grécia aproveitou melhor do que nós as oportunidades que teve. Por outro lado, a nossa equipa não conseguiu criar mais lances de golo que nos permitisse marcar. Depois destes anos todos, é preciso aceitar que os gregos tiraram melhor proveito das suas qualidades.

Afinal Portugal era ou não melhor do que a Grécia?

Coletiva e individualmente, por todos os nomes que compunham a nossa equipa, Portugal era superior. Mas no cômputo geral a Grécia, jogando de forma equilibrada, foi melhor. Eles souberam aproveitar as oportunidades e ganharam. Que dizer? Quem ganha é melhor. Tínhamos melhor equipa mas não vencemos…

Sente que os portugueses têm muito carinho por si, não sente?

Sinto. Sinto que os portugueses têm muito carinho por mim. Em todos os lugares do mundo a que vou e onde encontro um português, logo vem a lembrança daquele convívio que tivemos de 2003 a 2008, do ambiente que foi criado. Eu tenho uma grande admiração pelos portugueses 

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