A primeira semente foi lançada a 13 de maio, uma das datas mais importantes no calendário da Igreja Católica. Corria o ano de 2014 e, naquela primavera, a Sociedade de S. Paulo não sabia exatamente o que esperar da ideia do padre José Carlos Nunes que, cansado de ver a antiga vinha da Quinta Rainha dos Apóstolos, situada na Apelação, em Loures, ao abandono, decidira iniciar um projeto para a produção de um vinho de missa, naquela propriedade da congregação.
A espera materializou-se, finalmente, este ano, numa primeira colheita que resultou em 12 mil garrafas do Vinha de S. Paulo, um vinho puro – como exige o direito canónico. Os paulistas tornam-se assim a única congregação que, atualmente, produz o seu próprio vinho de missa em Portugal (e das poucas a conseguir fazê-lo no mundo inteiro).
Ao i, o padre José Carlos Nunes – que neste momento divide a sua vida entre Portugal e a Irlanda, onde realiza o seu doutoramento – puxa pela memória para recordar aqueles primeiros tempos: “Sim, é verdade, foi num dia 13 de maio que tudo começou. Foi aí que a vinha começou a ser replantada e… abençoada”, afirma.
A vinha da Quinta Rainha dos Apóstolos existe naquele local desde 1958, mas, com o decorrer do tempo, acabou por ser esquecida, e mesmo vencida pelas silvas e pelo mato. “Não havia já ali nada”, diz o padre José Carlos Nunes, que nunca se conformou com a situação. Certo dia, passou das intenções aos atos, arregaçando as mangas para reescrever a história daquele local. “Interessava-me, sobretudo, que aquele espaço fosse aproveitado. O próprio Papa Francisco tem apelado a que a Igreja Católica tenha um especial cuidado com a ecologia e, principalmente, com as propriedade que detém. Então, nós, na congregação de S. Paulo, quisemos responder a esse apelo, dotando a antiga vinha da Quinta Rainha dos Apóstolos de uma utilidade que estava perdida há muito, evitando que ficasse ali apenas um espaço vazio e praticamente abandonado”, explica.
A ideia de produzir vinho surgiu, assim, naturalmente, mas ainda eram necessários conhecimentos técnicos que ninguém na congregação parecia possuir.
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