A lista de figuras públicas afetadas pela pandemia de covid-19 não só vai longa como continua a crescer à medida que se propaga o novo coronavírus, pela primeira vez detetado no final de 2019. Com os Estados Unidos em ebulição, em ano de presidenciais – ultrapassa já os 5,5 milhões o total de casos de infeção confirmados no país mais afetado pela pandemia, onde o vírus também já vitimou mais de 173 mil pessoas –, Sharon Stone partilhou neste domingo várias fotografias do quarto onde está internada a sua irmã, Kelly Stone, que antes de contrair o vírus sofria já de lúpus, uma doença autoimune. E responsabiliza aqueles que não usam máscara pelo grave estado de saúde da familiar.
“A minha irmã Kelly, que já sofre de lúpus, tem agora covid-19. Este é o seu quarto de hospital. Um de vocês que não usa máscara fez isto. Ela não tem sistema imunitário. Foi apenas à farmácia”, escreveu sobre a irmã que, segundo a atriz, se manteve o máximo possível em isolamento desde que a pandemia chegou ao país. Segundo explica Sharon Stone, na região onde vivem, no estado de Montana, só podem ser realizados testes a quem apresente sintomas da doença. E os resultados demoram cinco dias a ser obtidos. “Conseguem encarar este quarto sozinhos?”, questionou a atriz no mesmo post, no Instagram.
Não foi a primeira vez que a atriz apelou ao uso de máscara nas redes sociais. E um dia depois de ter tornado públicas as fotografias do quarto e de ter apelado a que acendessem velas pela irmã e pelo cunhado, também ele testado positivo para a covid-19, Sharon Stone dirigiu-se esta segunda-feira aos seus seguidores num vídeo em que volta a apelar ao uso de máscara e à disponibilização de mais testes, tanto para pacientes como para profissionais de saúde, mas também ao voto em Joe Biden, o candidato do Partido Democrata às presidenciais norte-americanas, num vídeo intitulado Vote to live (vote para viver). “Quero falar convosco sobre compaixão e integridade contra política e raiva. Como muitos sabem, fiz um post sobre a minha irmã estar no hospital, num quarto covid, e ter lúpus e estar a lutar pela vida. Não vos contei que o seu marido, Bruce, também está num quarto covid, na mesma ala, a lutar pela vida, e que ficaram em casa o tempo que puderam. Quero contar-vos porquê”, começa por dizer, para voltar a falar sobre a dificuldade no acesso aos testes. “No [estado de] Montana, onde vivemos, não podemos ser testados a não ser que tenhamos sintomas e não temos acesso aos resultados durante cinco dias”.
E prossegue: “Os enfermeiros que trabalham no hospital onde estão a ser tratados não podem ser testados porque não têm testes. Estes enfermeiros estão a arriscar as suas vidas e não podem ser testados. O stresse, a tensão, a exaustão que se vivem nesse hospital cruzam-se com o conflito em torno do tribunal, onde as pessoas usam armas e clamam pela liberdade de não usar máscara. É este o estado das coisas no nosso país. […] Continuam a dizer que os riscos são diminutos, que podemos não morrer, que vai ficar tudo bem, mas vou dizer-vos o que se está a passar com a minha família: a minha avó morreu com covid, a minha madrinha morreu com covid, a minha irmã e o marido estão a lutar pelas suas vidas e a minha irmã não está bem. […] Quando dizem que há testes para todos estão a mentir, quando dizem que há testes para os enfermeiros nos hospitais estão a mentir. As pessoas estão a morrer e a lutar pelas suas vidas porque não há nada além de mentiras. É este o estado em que estamos. A única coisa que pode mudar isto é votarem, se votarem em [Joe] Biden e Kamala Harris”. E termina, visivelmente emocionada, num vídeo que se prolonga por mais de três minutos e meio: “A razão pela qual isso vai acontecer é que, com mulheres no poder, vamos lutar pelas nossas famílias”.
Entretanto, já durante a tarde de segunda-feira, Sharon Stone repartilhou ainda um vídeo feito pela própria irmã no hospital. “Usem máscara. Imploro-vos. Por favor façam isso pelas pessoas que amam”, diz Kelly Stone, num tom de voz ofegante. “Lutem por mais testes, mais máscaras, exijam que todas as pessoas usem máscara. Não queiram nunca passar por isto. Tenho apenas amor no meu coração, que está a partir-se pelas pessoas que não conseguem respirar”.
Desde o início da pandemia foram várias as figuras públicas que partilharam com os seus seguidores as suas experiências com a covid-19. Antonio Banderas foi um dos últimos casos conhecidos no mundo da representação, bem como Lena Dunham. A atriz e criadora da série Girls que, desde março, altura em que foi infetada, continua a sofrer as sequelas que o vírus deixou no seu organismo, partilhou há duas semanas uma longa mensagem em que, como Sharon Stone, apelava à responsabilidade coletiva no combate à doença: “Isto não é como pegarem gripe aos vossos colegas de trabalho […], isto é o maior problema no nosso país e no mundo, neste momento. Quando tomamos as medidas apropriadas para nos protegermos a nós e aos nossos vizinhos, poupamos-lhes muita dor… Poupamo-los a uma jornada que ninguém merece atravessar, com um milhão de consequências que ainda não entendemos e um milhão de pessoas com variados recursos e variados níveis de apoio que não estão preparadas para que esta maré as leve”.