Sealo. Ensinaram o Rapaz Foca a fazer a barba com máquina  e deram-lhe um macaco como companheiro

Sealo. Ensinaram o Rapaz Foca a fazer a barba com máquina e deram-lhe um macaco como companheiro


Stanislaus Berent nasceu com as mãos saindo diretamente dos ombros por via da devastação provocada pela talidomida na gravidez de sua mãe. Foi vendedor de jornais até ser descoberto por um “caçador de aberrações” que procurava figuras para o seu circo de Coney Island.


Apesar de não ostentar qualquer pompa, tinha um nome pomposo: Stanislaus Berent. Nasceu em Pittsburgh, na Pensilvânia, em 24 de novembro de 1901, e chamaram-lhe Maravilha Humana, o que só pode ter sido, certamente, por pilhéria. Foi uma daquelas terríveis vítimas da talidomida, esse monstro químico responsável por milhares de crianças que, durante décadas, vieram ao mundo com defeitos insanáveis. Sendo utilizada como sedativo ou anti-inflamatório, demorou demasiado tempo a serem descobertos os seus devastadores efeitos secundários.

O termo técnico para a deformação com que Stanislaus veio ao mundo é focomelia. Basicamente, trata-se de alguém que nasce sem braços, com as mãos saindo diretamente dos ombros, deixando-lhe um ar de foca, tal como o termo sugere. Mal cresceu o suficiente para entrar na terrível onda de freak shows que apaixonava os Estados Unidos nos primeiros decénios de 1900, foi alcunhado de Sealo, The Seal Boy – ou seja, Sealo, O Rapaz Foca.

É preciso dizer, apesar de tudo, que esses circos americanos que exibiam toda a espécie de seres estranhos já tinham tido a sua versão na Europa, sobretudo nas cortes de Inglaterra, França e Rússia. E que, no fundo, davam um jeitão a determinados homens e mulheres castigados pela natureza com deformações capazes de apavorar hipopótamos, porque lhes permitia o sustento. Mais até: muitos deles ganharam dinheiro suficiente só por serem vistos para sobreviverem de forma bastante saudável, se o termo cabe aqui na frase.

Sealo cresceu no seio de uma família católica polaca e teve uma infância tranquila, embora muito pouco abonada. No início da adolescência, os pais arranjaram-lhe trabalho como vendedor de jornais, de forma a poder contribuir para o orçamento conjunto. Não tardou a ser descoberto por um “caçador de aberrações”, uns seres tão esquisitos como as personagens que, volta e meia, venho apresentando nestas páginas. Pouco tempo depois, estava em Coney Island.

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