Comércio. Limitação  de horários nos centros comerciais acentua  quebra de vendas

Comércio. Limitação de horários nos centros comerciais acentua quebra de vendas


Ao i, a APCC diz que, até ao momento, não tem conhecimento de despedimentos, mas admite que esse cenário é possível no futuro.


Os centros comerciais registam grandes quebras devido à pandemia e podem mesmo ter o futuro em risco. O alerta é da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC), que diz que, com exceção dos espaços localizados na Área Metropolitana de Lisboa (AML), os centros comerciais registaram, em julho, uma quebra de vendas de aproximadamente 25%, face a 2019. Por sua vez, os centros comerciais na AML, onde ainda vigora uma limitação de horário (o encerramento tem de ser às 20h), estão a registar quebras na ordem dos 40%.

Essas limitações de horário refletiram-se também na quebra no número de visitantes (-47% na AML e -30% no resto do país) em julho, em comparação com o mesmo mês de 2019.

“Os associados da APCC consideram esta continuada limitação injustificada e lesiva para a recuperação económica da atividade dos lojistas dos centros comerciais. Continuar a limitar desnecessariamente os centros comerciais, especialmente da AML, coloca em risco a preservação de muitos postos de trabalho, sobretudo num contexto em que as limitações impostas para o restante território nacional já são mais restritivas do que as limitações aplicadas nas principais economias na Europa. Em várias regiões da Alemanha, por exemplo, uma loja com a mesma área pode ter o dobro dos clientes”, defende António Sampaio de Mattos, presidente da APCC. 

A APCC apela ao Governo para que determine a reabertura total, ainda esta semana, dos centros comerciais na AML. “A AML tem um peso muito significativo para a proteção do emprego, uma vez que é aqui que se concentram 35% dos centros do país”, que asseguram “50% do emprego total gerado pelo setor a nível nacional”, defende a APCC.
António Sampaio de Mattos recorda que “desde o dia 1 de junho, os centros comerciais estão a operar sem limitações no resto do país, sem registo de quaisquer incidentes”.

Apesar da crise, o presidente da APCC disse ao i que, até ao momento, a associação não tem conhecimento “de despedimentos por parte dos lojistas ou da não renovação de contratos entre os centros comerciais nossos associados e respetivos lojistas que sejam consequência da presente crise”. O dirigente garante que os centros “têm feito tudo o que está ao seu alcance para encontrar soluções que permitam a todos, lojistas e centros, ultrapassarem este desafio”.
Questionado sobre se o cenário de despedimento será inevitável no futuro, António Sampaio de Mattos não tem dúvidas: “Temos consciência de que é um cenário possível, mas esperamos que possa ser evitado. Tudo irá depender da velocidade da retoma da economia e das medidas tomadas pelo Governo e pelo Parlamento que impactam toda a cadeia de valor do setor. Medidas como a do horário reduzido dos centros comerciais existentes na AML ou o regime excecional que suspende o pagamento de rendas fixas nos centros comerciais, aprovado no âmbito do Orçamento Suplementar, só trazem desafios acrescidos ao setor e maiores riscos na recuperação do mesmo”.

Recorde-se que a Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) avançou esta semana que, em julho, as quebras em Lisboa se situam acima dos 40%. As vendas nas lojas de rua registam pior performance que em junho e a restauração continua a ser o setor mais afetado. A associação revelou ainda ao Correio da Manhã que há cem mil postos de trabalho em risco devido à crise provocada pela pandemia no setor do comércio.