Em 2005, a unidade de cirurgia de ambulatório (UCA) do Hospital Pulido Valente resumia-se a duas camas e quatro cadeirões. Quem o recorda é Jelena Cassiano Neves, hoje responsável pela unidade, que cresceu em tamanho e resultados: se há dez anos operava 500 doentes por ano no máximo, no ano passado foram 3 mil.
Pelo caminho, muito mudou. No final de 2013, o Hospital Pulido Valente e o Santa Maria passaram a estar integrados no Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e a unidade passou a fazer parte do novo departamento de cirurgia, que juntou cirurgiões das duas unidades. Os blocos no Pulido Valente foram ficando mais vazios e o espaço foi usado para expandir a cirurgia de ambulatório. É isso que nos leva ao hospital numa manhã de julho em que se vai recuperando o movimento interrompido pela covid-19. Este ano passaram de nove para 11 as especialidades que vão ao Pulido Valente operar doentes, a quem pode ser dada alta no próprio dia ou até 23 horas com ou sem pernoita, a definição de cirurgia de ambulatório seguida em Portugal, e em junho receberam certificação do Ministério da Saúde, mais um marco na história da UCA, que Jelena Cassiano Neves lidera com orgulho. A médica de nacionalidade sérvia, que chegou a Portugal no início da década de 90, acabada de formar, acredita que este tipo de cirurgia ainda tem espaço para evoluir no país e pode ajudar a recuperar alguns atrasos, até causados pela pandemia. É nessa base que vai continuando a afinar o que compara a um “relógio suíço”: é que organizar o trabalho de cirurgiões de serviços diferentes implica regras e procedimentos e lidar com as “manias” de cada um.
Objetivo: operar pelo menos 4500 doentes este ano Jelena Cassiano Neves e João Coutinho, diretor do departamento de cirurgia do CHLN, explicam as vantagens do processo de certificação feito pelo Ministério da Saúde: tal como tinha acontecido com o departamento, que concluiu o processo em 2019, a certificação desta unidade funcional que acaba por ter características próprias – funciona como um local onde cirurgiões de vários serviços podem inscrever os seus doentes para operação, usando os recursos da unidade – permitiu passar a pente fino os procedimentos e perceber no que se podia melhorar. Teve classificação de bom e a pontuação mais alta das cinco unidades de cirurgia de ambulatório que hoje já têm certificação no SNS.
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