O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, o subdiretor-geral da Saúde, Rui Portugal, e a coordenadora da Comissão da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), Maria da Purificação Gandra, estiveram presentes, esta sexta-feira, na habitual conferência de imprensa das autoridades de saúde sobre os dados diários da covid-19 e onde foram abordados vários temas, tais como o número de profissionais de saúde contratados no âmbito do combate à covid-19, o relatório da Ordem dos Médicos que acusa o lar de Reguengos de Monsaraz de não cumprir com as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS) e o surto no lar de Torres Vedras.
Questionado sobre a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde se tem verificado a maioria do número de casos diários de covid-19 das últimas semanas, o subdiretor-Geral da Saúde, Rui Portugal disse que a situação "ainda não está estabilizada", no entanto, "há cinco semanas que se assiste a uma redução da taxa média de infeções na região". Em Portugal existem, no total, 178 surtos ativos, dos quais 82 são na região de Lisboa e Vale do Tejo. De resto, existem 45 na região Norte, 11 no Centro, 15 no Alentejo e 15 no Algarve.
Segundo Rui Portugal, o surto mais relevante é o do Lar Nossa Senhora da Luz, cuja origem se deve às reuniões familiares. O governante diz que irão ser realizados novos testes entre o dia 12 e 19 de agosto para controlar a propagação da covid-19. Neste momento, no lar foram criadas três zonas: uma para doentes com teste positivo, outra para pessoas que apesar de terem o teste negativo estiveram em contacto com pessoas infetadas e uma terceira para assintomáticos.
A questão do cumprimento das regras da DGS nos lares de idosos também foi abordada, depois da Ordem dos Médicos ter lançado um relatório onde afirma que o lar de Reguengos de Monsaraz não cumpria com as normas e acabou por facilitar a propagação da covid-19. Rui Portugal explicou que "a questão dos lares é uma questão que sucessivamente se tem afirmado de preocupação da sociedade portuguesa e dos serviços de saúde, em particular, da constante necessidade de vigilância" e diz que a auditoria realizada pela Ordem irá ser "analisada com cuidado".
A questão "que se coloca é que as intervenções da DGS estão bem explícitas na Lei Orgânica e dentro dos sistema que é da governança relativamente à saúde do país" e sublinha que "quem são as entidades de intervenção e de apoio são as de carácter local e regional", apontando para as autoridades de saúde regionais e locais, no entanto afirma que tal não significa "que não possa haver revisão dos procedimentos propostos relativos a normas e orientações por parte da DGS".
O secretário de Estado da Saúde, António Sales, afirmou que, desde o dia 1 de março, foram realizados "mais de 1 milhão e 700 mil testes de diagnóstico à covid-19" e que "em agosto, a média de testes por dia é superior a 13 mil", tornando Portugal "o sexto país da União Europeia com mais testes por milhão de habitantes", frisou o governante.
Sales falou ainda sobre o reforço dos recursos humanos no SNS para combater o novo coronavírus nos últimos meses. "Foram contratados, no âmbito da resposta à Covid-19, cerca de 4.300 profissionais de saúde, dos quais mais de 1.800 assistentes operacionais, mais de 1.300 enfermeiros, cerca de 170 médicos, entre outros, assistentes técnicos e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica", afirmou.
A coordenadora da Comissão da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), Maria da Purificação Gandra, confirmou ainda que na Rede Nacional de Cuidados Continuados do país – 393 estabelecimentos – existe apenas um doente infetado com covid-19 e não se registam óbitos desde abril. Por outro lado, existem 12 profissionais com infeção por covid-19, mas que estão a cumprir isolamento domiciliar visto terem sintomas leves da doença.