Oleiros. Fogo poderá significar prejuízos de sete milhões de euros

Oleiros. Fogo poderá significar prejuízos de sete milhões de euros


Incêndio foi controlado ontem, mas autoridades não baixaram a guarda, com o objetivo de evitar reacendimentos.


Com cerca de seis mil hectares de área ardida em consequência de um incêndio que só ontem foi controlado, a Câmara de Oleiros estima já um prejuízo de sete milhões de euros. O fogo que deflagrou no sábado em Oleiros, distrito de Castelo Branco – e se alastrou a Proença-a-Nova e Sertã – foi dominado esta segunda-feira de manhã, às 8h, mas os operacionais mantiveram-se no terreno para acautelar qualquer risco de reativações.

“O incêndio que teve início na tarde de sábado, a esta hora, está dominado. Ainda assim, todo o efetivo mobilizado está no terreno em trabalhos de consolidação. Ainda há muito trabalho pela frente”, afirmou ontem o comandante operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, em conferência de imprensa.

O responsável explicou ainda que se tratou de uma área vasta, “extremamente grande e complexa”, o que obrigou a uma maior atenção por parte dos operacionais que se encontravam no terreno.

“A ocorrência carece ainda de muita atenção sobretudo nas zonas onde ficou dominado mais tarde, nas frentes viradas para os concelhos de Proença-a-Nova e Castelo Branco. É natural que haja algumas reativações ao longo das próximas horas”, salientou o comandante, explicando que ontem já não havia qualquer “aldeia em risco”.

“Não há nenhuma frente viva, todas as situações deste género estão asseguradas, não há nada em risco”, assegurou.

Na mesma conferência de imprensa, o vice-presidente da Câmara de Oleiros, Vítor Antunes, esclareceu, no entanto, que três pessoas foram retiradas por precaução das suas casas, na aldeia do Pedintal, em Oleiros. “Um casal foi retirado por precaução, até um pouco contra a sua vontade, para o local que tínhamos preparado com condições para as pessoas que viessem a necessitar disso”, acrescentou.

O incêndio estava controlado, mas a tarde não foi fácil Também ontem, o Comandante de Agrupamento Distrital do Centro Norte, Pedro Nunes, realçou que o incêndio deu muito trabalho durante a tarde. “Não baixámos a guarda, está perfeitamente monitorizado”, sublinhou o responsável, em conferência de imprensa ao final do dia, recordando o perigo de reacendimentos devido à área extensa que acabou fustigada pelo fogo.

“O efetivo de meios no local vai ser reduzido, mas não podemos facilitar”, reforçou, confirmando que cerca de seis mil hectares de floresta arderam na sequência deste incêndio. O fogo chegou a juntar mais de 800 operacionais no combate às chamas, logo no sábado.

Há 17 anos Oleiros perdeu 70% da floresta Em 2003, recorde-se, o concelho de Oleiros perdeu 70% da floresta devido a um grande incêndio que provocou na altura a morte a duas pessoas e destruiu cerca de 20 casas. Quase 20 anos depois, o moradores de Oleiros viveram o mesmo cenário: uma pessoa morreu este sábado e sete ficaram feridas.

De acordo com um comunicado do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), o Exército enviou esta segunda-feira duas máquinas de rasto, com o objetivo de ajudar os operacionais no terreno a abrir caminhos para combater o fogo.

Uma ajuda importante para esta altura crítica de incêndios – Portugal encontrava-se em estado de alerta até esta terça-feira. Esta situação em todo o território continental vigora entre as 00h de ontem e as 23:59 de hoje e foi anunciada pelo Governo no domingo à tarde.

“Esta declaração decorre da necessidade de adotar medidas preventivas e especiais de reação face ao risco de incêndio máximo e muito elevado previsto pelo IPMA [Instituto Português do Mar e da Atmosfera] na maioria dos concelhos do continente nos próximos dias”, sublinharam os ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.