UE acusa Pequim pela primeira vez de campanhas de desinformação

UE acusa Pequim pela primeira vez de campanhas de desinformação


Bruxelas acusa Pequim de fomentar desinformação e de engrandecer a sua resposta à pandemia.


A Comissão Europeia acusou ontem, pela primeira vez, a China de espalhar desinformação sobre a pandemia do coronavírus no território do bloco europeu.

Num documento que delineia a estratégia para combater conteúdos falsos ligados à covid-19 na internet, a comissão menciona Pequim como uma das fontes de desinformação sobre a crise com o objetivo de minar as democracias ocidentais, argumentando que a China pretende incitar divisões, distorcer e engrandecer a sua resposta à pandemia, nomeadamente o seu apoio à comunidade internacional.

A Rússia também é tida como uma das fontes de desinformação, embora Bruxelas já tenha acusado o país dessa prática anteriormente. “Acredito que temos provas, não devíamos deixar de as nomear”, disse aos repórteres Vera Jourova, uma das vice-presidentes do Executivo europeu. “Temos também testemunhado o surgimento de narrativas que minam as nossas democracias e, com efeito, a nossa resposta à crise, por exemplo, a acusação de que existem laboratórios biológicos secretos dos EUA nas antigas repúblicas soviéticas, e que tem sido espalhada por plataformas pró-Kremlin, tal como por responsáveis chineses e os seus media estatais”. 

Para combater estas táticas, o bloco europeu apelou aos gigantes tecnológicos como a Google, Youtube e o Twitter para publicarem relatórios mensais sobre como estão a enfrentar a desinformação sobre a pandemia do coronavírus. Estas exigências às multinacionais, não vinculativas, fazem parte do esforço de Bruxelas para reformular as regras das plataformas online até ao final do ano.

“Acredito firmemente que uma UE geopoliticamente forte só se pode materializar se formos assertivos”, argumentou Jourova, aludindo ao objetivo da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para que o bloco tenha maior presença na arena internacional. 

A acusação do Executivo europeu marca uma diferença de tom contra Pequim, quando em março tinha apenas descrito num relatório as narrativas dos média chineses, sublinhando mais assertivamente as campanhas de desinformação de Moscovo – foi acusada de branquear o papel da China.