Arraiais. Eventos adiados e festas que acabaram por descambar

Arraiais. Eventos adiados e festas que acabaram por descambar


Os desfiles e arraiais tradicionais dos Santos Populares foram proibidos pela Câmara Municipal de Lisboa. Mas há quem não queira fugir à tradição e procure formas de festejar em segurança.


Junho é o mês dos Santos Populares, com festas por todo o país na noite de Santo António. Mas, este ano, a covid-19 obrigou Portugal a adotar estratégias para contornar a proibição de arraiais e desfiles em Lisboa pela câmara municipal. Há associações e coletividades que alteraram o nome do evento – eram para realizar uma espécie de petiscadas populares porque a palavra “arraial” criou polémica, mas entretanto foram impedidas –, outras que têm aproveitado o bom tempo para unir amigos e famílias na esplanada – só durante o dia, “à noite, não” – e há também aquelas que tentaram fazer um arraial como nos anos anteriores mas o “teste experimental” correu mal, uma vez que “andavam todos em cima uns dos outros”.

N’A Voz do Operário, por exemplo, iam realizar-se, a partir de 8 de junho, arraiais populares que “não devem ser chamados assim”. Mas, à última hora, a câmara municipal apelou a que não se realizassem, por agora, eventos deste género. “Não vai acontecer, para já. Recebemos indicação por parte da câmara municipal, por causa do aumento de casos confirmados de covid-19 em Lisboa. Temos de contactar as pessoas e adiar. Vamos esperar por amanhã e ver se é possível ainda realizar nos próximos dias”, disse ao i o diretor-geral da associação, Vítor Agostinho, explicando os problemas que também surgiram com a alteração do nome do evento.

“Fizemos muito mal em pôr um cartaz na rua a chamar arraial. As pessoas caíram logo em cima de nós. Mas isto é quase um arraial familiar, com muitas crianças e pais”, confessou ao i, antes de explicar que os jantares para sócios e acompanhantes necessitavam de marcações prévias através de contacto telefónico e que a lotação máxima era de 96 pessoas, “embora o espaço leve 200”. Todas as questões de segurança – utilização de máscaras e higienização – seriam cumpridas e o espaço encerrava às 23 horas.

“As mesas estavam colocadas de dois em dois metros, embora seja necessário apenas um metro e meio. E, ao contrário do que tem acontecido em vezes anteriores, não existia self-service. É tudo em espaço aberto, e é triste, porque tivemos aqui a Polícia Municipal, que nos disse que estes eventos não se enquadravam nas proibições da câmara”, ressalvou o diretor-geral. E Graça Barata, sócia d’A Voz do Operário há 52 anos, concordou. “Estava inicialmente um pouco desagradada com a situação de lhe terem chamado arraial e aborrecida com a minha escola e associação, mas fiquei satisfeita com o esclarecimento. Recebi um email deles a esclarecer o modo como ia decorrer. Não é um arraial no sentido habitual do mesmo. Por isso, não tenho razões para estar contra”, reforçou ao i.

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