Devagar, fecho a varanda. É bom que tenha vindo um dia escuro para fazê-lo. Chegou a altura de descermos todos ao rés-do-chão da vida e de tirarmos das maçanetas das almas os letreiros a dizer: “Volto já!” A batalha contra a solidão passa agora a ser combatida noutras trincheiras.
A minha mãe fez anos no dia 24 de março. Senti que precisava de escrever-lhe uma carta, assim à distância, das antigas, com Alcácer, tantos do tal, no alto da página e tudo e tudo. Dispensei o selo e mandei-a por aqui. Depois continuei a enviar cartas. Não apenas a ela, mas a todos. Ou sobretudo a mim mesmo.
A varanda como metáfora. “Qualquier destino, por largo y complicado que sea, consta, en realidad, de un solo momento – el momiento em que el hombre sabe para siempre quien es”, disse um dia Jorge Luis Borges. A varanda como desafio: da escrita, das histórias, dos dias bisonhos dos afastamentos forçados, da saudade importante dos carinhos fechados nas palmas das mãos.
Leia o artigo completo na edição impressa do jornal i. Agora também pode receber o jornal em casa ou subscrever a nossa assinatura digital.