O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reafirmou, esta quinta-feira, que a situação económica em Portugal “é grave”. No entanto, considera que o dinheiro de Bruxelas e as operações do Banco Central Europeu (BCE) nos mercados vão contribuir para reduzir a queda “brutal” da economia portuguesa.
Depois de almoçar num restaurante na Chamusca, e numa altura em que o Conselho de Finanças Públicas (CFP) se prepara para atualizar o cenário macroeconómico para 2020-2022, estimando-se uma queda do PIB entre os 7,5% e os 11,5% já este ano, Marcelo destacou que esta previsão não tem em conta medidas que possam vir a aliviar a economia, uma vez que as mesmas não foram ainda aprovadas, como é o caso do Fundo de Recuperação Europeu.
“Haverá do lado europeu alguma coisa que faça com que situação seja menos grave do que aponta o CFP? Sim. Uma é o Conselho Europeu aprovar entre junho e julho o fundo de recuperação que se soma a outros fundos e isso vai dar a Portugal um conjunto de verbas muito significativo para os próximos anos”, começou por dizer.
“Segunda coisa, o BCE decidiu noutro plano injetar mais liquidez nos mercado financeiros comprando divida pública dos países, baixando taxas de juros, reduzindo o peso do juros na divida e os encargos financeiros”, acrescentou.
“De Bruxelas os fundos, e a intervenção do BCE todos os dias nos mercados, indo até mais longe do que na crise da troika para aguentar dividas publicas, o somatório destas duas realidades pode permitir – com uma utilização criteriosa – que os números finais não sejam tão brutais ou graves como se não houvesse uma bazuca, mais outra bazuca”, disse.
Recorde-se que Portugal pode vir a ter acesso a um total de 26,3 mil milhões de euros de fundos europeus.
Esta quinta-feira, também o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que vai aumentar em 600 mil milhões de euros o volume do programa de compra de ativos de emergência (PEPP), destinado a limitar o impacto da crise causada pelo novo coronavírus.
O montante global deste programa, que foi lançado em março passado, ascende agora a 1,35 biliões de euros. O BCE também alargou a sua duração pelo menos até ao final de junho de 2021.