A separação de resíduos e a forma como a covid-19 entrou na vida de cada um continuam a ser fatores preocupantes para alguns ambientalistas. Apesar de a recolha de lixo seletiva porta a porta ter sido retomada no dia 1 de junho em Lisboa – depois de ter sido suspensa pela câmara municipal durante cerca de dois meses e meio –, os hábitos de reciclagem podem vir a sofrer alterações abruptas devido a esta mesma suspensão. Há até pessoas que defendem que, nesta fase, o melhor seria mesmo “queimar tudo” em vez de se fazer a devida separação, tal como admitiu ao i a coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus, Carmen Lima.
“Já ouvi pessoas a dizer isso. Dizem que o melhor é queimar tudo em vez de estar a separar. Continuamos com uma parte da população muito assustada com a pandemia e que acha inclusivamente que a recolha seletiva em nada contribui. Esta mensagem de ‘vamos juntar tudo e queimar, porque assim vamos matar o vírus’, em muitas cabeças da população portuguesa é o mais importante e faz muito mais sentido do que estar a incentivar novamente à separação”, explicou, garantindo também que as atitudes de algumas pessoas em condomínios não foram as mais corretas, nomeadamente na divulgação de cartazes que encorajavam à não separação do lixo durante a fase de suspensão da recolha seletiva porta a porta.
“Em alguns condomínios onde havia esta recolha foram afixados cartazes a apelar às pessoas para não separarem. Ou seja, a abordagem que foi feita poderia ter sido outra, dizendo que estava suspensa a recolha porta a porta. Não foi essa a mensagem que foi transmitida, mas sim para não separar e colocar os resíduos em qualquer contentor. Estamos preocupados com essa mensagem que foi passada porque acreditamos que possa influenciar de forma negativa as boas práticas que alguns lisboetas já tinham de fazer a separação do lixo, ou aquele público que fazia com alguma maior dificuldade essa separação e que rapidamente possa ter perdido esses bons hábitos”, revelou Carmen Lima, dizendo ainda que a associação ambiental que representa tem “algumas dúvidas” relativamente ao regresso do “anterior normal” por parte da população, apelando também à Câmara Municipal de Lisboa para que se realizem campanhas de sensibilização com o objetivo de “lembrar que agora tem de se voltar a respeitar as cores e o destino a dar aos resíduos. Estamos muito preocupados”.
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