Costa quis sair fora da “bolha política” ao escolher Costa Silva

Costa quis sair fora da “bolha política” ao escolher Costa Silva


Primeiro-ministro acusou Adão Silva do PSD de “mesquinhez política”. Iniciativa Liberal quer ouvir conselheiro externo do Governo na AR


O nome de António Costa Silva surgiu ontem aos vinte minutos do debate quinzenal no Parlamento, pelas mãos do PSD. Adão Silva, vice-presidente da bancada do partido, quis explorar a opinião crítica do primeiro-ministro em 2012, quando Passo Coelho chamou António Borges para ajudar o Governo a pensar o processo de privatizações durante o período de ajuda externa. Costa Silva, gestor ligado à Partex, irá coordenar os trabalhos preparatórios de um plano de recuperação económica do país a dez anos (2020-2030). E cumprirá a sua missão a custo zero. O despacho saiu ontem, horas antes do debate quinzenal, mais de um mês depois do convite ao gestor.

Os partidos à direita do PS não perdoaram. A começar pelo PSD.

“Tem 70 membros no Governo, 19 ministros, 4 ministros do Estado e encomenda este trabalho a um privado”, atirou Adão Silva, apontando a perplexidade com que o PSD recebeu esta decisão sobretudo depois das críticas feitas em 2012 por António Costa, à escolha de António Borges para acompanhar o processo de privatizações. Porém, na resposta, o primeiro-ministro recordou que ao longo da sua atividade política executiva chamou vários independentes para coordenar missões ou trabalhos como Boaventura Sousa Santos. Mas o primeiro-ministro não se ficou por aqui. É preciso ir “além da bolha político-mediática” e ouvir pessoas que refletem “fora da caixa”. Por fim, perante a troca de galhardetes, o tom endureceu como há muito não se via em debates quinzenais, entre o Governo e o PSD. “Verifico que estava cansado de estarmos num debate de nível de Estado e voltou para a pequena mesquinhez política”, contra-atacou Costa, sustentando que ninguém vai assessorar negócios.

 Por seu turno, Telmo Correia do CDS, perguntou : “Não há um ministro do Planeamento já no Governo? Seria absolutamente necessário outro?”. Já João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, pediu uma audição urgente a Costa Silva no Parlamento e André Ventura, do Chega deixou a questão: “É verdade que Siza passa para as Finanças e Centeno para o Banco de Portugal?”. Ficou sem resposta. A esquerda não abordou o assunto.