Campeonato. Terminou a espera: três meses depois, portas reabrem

Campeonato. Terminou a espera: três meses depois, portas reabrem


Nada será como antes – pelo menos até ao final da época, mas campeão vai ser decidido em campo. Regresso do futebol é uma “vitória”.


Relva cortada, jogadores testados, bancadas despidas, ação: 87 dias depois de a bola ter rolado pela última vez, o futebol está finalmente de regresso ao território português, com o Portimonense e o Gil Vicente a abrirem as portas da 25.ª jornada da Liga ainda durante a tarde desta quarta-feira. Já pela noite, as atenções concentram-se em Famalicão, onde o FC Porto irá defender a liderança isolada da prova, um dia antes de o seu perseguidor direto, o Benfica, voltar aos relvados.

A 10 jornadas do final, os dois clubes encontram-se separados por um ponto apenas e tudo poderá acontecer. Sérgio Conceição preferiu, contudo, não entrar em medições para avaliar “quem pode ter sido mais ou menos beneficiado” na sequência desta paragem forçada devido à pandemia. Confiante no trabalho desenvolvido pela equipa e pela estrutura do clube durante estes últimos quase três meses, o treinador dos azuis-e-brancos mostrou-se focado apenas no duelo com o plantel famalicense, que considerou, ontem, durante a conferência de antevisão à partida, “a verdadeira surpresa do campeonato”.

Depois das declarações de Pinto da Costa, que defendiam que o atual líder devia ser declarado campeão caso o campeonato não fosse retomado, o técnico dos dragões assegurou que em momento algum a equipa ponderou conquistar o título nacional sem disputar a prova na íntegra: “Nunca parámos durante este período, não estivemos de férias. Estivemos o tempo todo a trabalhar. Isso demonstra a nossa vontade e esperança na retoma do campeonato para mostrar, em campo, que eramos e somos a melhor equipa e que queremos acabar e ganhar o campeonato no campo”. O FC Porto tenta hoje regressar às vitórias na prova, depois do empate caseiro ante o Aves, a 7 de março, último jogo disputado pelo clube antes da interrupção da Liga. Aliás, só o triunfo interessa ao atual líder, uma vez que qualquer outro resultado pode deixar o clube da Luz com espaço para assaltar a liderança – os encarnados recebem na quinta-feira o Tondela.

 

“Salada sem condimentos”

Numa nova fase do desporto-rei, os jogos sem adeptos nas bancadas será uma realidade pelo menos até ao final da época. O novo cenário também foi abordado por Conceição, que comparou a situação a uma “salada sem condimentos”, embora necessária. “Faltam os condimentos necessários para se ter uma boa salada, vinagre, azeite, sal… mas se tivermos fome, temos de a comer. […] O plus dos adeptos, normal e essencial para os jogadores, faz falta. Até as assobiadelas fazem falta, não será a mesma coisa mas temos de olhar para o que é recomendável neste momento e enfrentar”, lembrou. Na terça-feira, Fernando Madureira já tinha esclarecido qual iria ser o procedimento da claque para apoiar o FC Porto antes e durante este jogo. “Vamos estar posicionados pelo trajeto, com bandeiras e tarjas, para mostrar o nosso apoio”, disse o líder dos Super Dragões, adiantando que a claque vai apresentar-se em “número significativo, de algumas centenas”, mas respeitando sempre “o distanciamento social”.

As autoridades já estão alertadas para a situação, uma vez que Graça Freitas lançou, esta segunda-feira, um apelo aos adeptos, deixando claro que as aglomerações no exterior de estádios “são para evitar”. “Esta questão da lotação nos estádios não tem a ver apenas com o número de pessoas que lá está, tem a ver com a comemoração dos golos, entradas e saídas… É uma situação complexa. Foi por isso que outros países optaram pela mesma solução [jogos à porta fechada]. O parecer da DGS implica que não devem existir aglomerações junto dos estádios e tem sido também falado no que toca a ajuntamentos em cafés”, referiu a diretora geral da Saúde, na conferência de imprensa diária. “É um apelo à responsabilidade. O vírus está a circular, não desapareceu. Ele vai fazer o seu percurso”, alertou, lembrando que o regresso do futebol “é uma vitória”.

“Assistam aos jogos e comemorem, mas com as regras que estão em vigor”, pediu.