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Os casos de covid-19 foram residuais na maioria dos concelhos alentejanos e 12 contam até hoje com zero infetados. Explicações? A vida no Alentejo, o fecho das fronteiras e uma situação menos má na Estremadura espanhola, mesmo quando a população envelhecida teria um risco acrescido. O verão preocupa, mas o tempo que se ganhou permitiu preparar a resposta, diz ao i o presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo, José Robalo.
Trinta e um mil e quinhentos quilómetros quadrados, um terço do território nacional. Era a região mais exposta à fronteira com Espanha e esses alarmes soaram quando a epidemia de covid-19 começou a escalar no país vizinho. Depressa surgiu preocupação com os espanhóis que continuavam a cruzar a fronteira, quem sabe trazendo com eles o vírus. Três meses depois, o Alentejo foi a região mais poupada na primeira onda da covid-19. Até esta quinta-feira estavam confirmados 257 casos e uma morte. Explicações? Não há uma análise científica, mas há constatações que vão saltando à vista – da organização do território, onde o distanciamento social já era o natural antes da pandemia, ao fecho das fronteiras e à própria dinâmica do surto em Espanha, menos feroz nas províncias coladas a Portugal.
José Robalo, presidente da Administração Regional de Saúde do Alentejo, faz um balanço positivo dos últimos meses. “A sensação que tenho é que não chegámos à fase de mitigação, estivemos sempre na fase de contenção. Assim que se identificava o primeiro infetado, imediatamente a saúde pública identificava todos os contactos e era pedido a essas pessoas que cumprissem o isolamento”.
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Houve casos de transmissão comunitária, mas pontuais. E mesmo os lares não tiveram grandes surtos. Foi num lar que se registou a única morte em toda a região, um idoso de 87 anos com complicações de saúde. Para uma região com elevados índices de envelhecimento, o cenário poderia ter sido mais grave mas, aí, o escudo nesta primeira onda terá sido mesmo a organização territorial e habitacional e a dinâmica da população. “A maior parte das casas são familiares, ao contrário dos grandes centros urbanos, onde há prédios. Temos mais espaço no Alentejo e mesmo as cidades não têm prédios muito altos. A maior parte das pessoas vive nas suas casas ou vivendas e com maior distância física de base, e sabemos que é a maior proximidade física que leva a maior propagação da doença. O distanciamento já faz parte da nossa organização do território e, provavelmente, isso fez com que não houvesse tantos casos”, diz José Robalo.
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